Uma baleia beluga foi encontrada na Noruega usando uma espécie de "coleira" de identificação russa, na sexta-feira (26). Segundo a agência de notícia Associated Press (AP), os biólogos acreditam que o animal tenha escapado de uma unidade militar da Rússia.
Ainda de acordo com a AP, a "coleira" dizia "Equipamento de São Petersburgo" e tinha espaço para um câmera esportiva ser acoplada. Pescadores que avistaram a baleira conseguiram retirar a "coleira" do animal.
Os biólogos acreditam que ela tenha se aproximado dos barcos de pesca para pedir comida, já que no cativeiro é acostumada a ser alimentada.
Em entrevista à AP, o biólogo Audun Rikardsen, da Universidade da Noruega, disse que não existem estudos com belugas sendo realizados em universidades russas ou norueguesas. Ele acredita que a marinha russa tenha algum envolvimento com o animal.
Em entrevista à rede americana "CNN", o biólogo marinho Jorgen Ree Wiig disse acreditar que a baleia veio da região de Murmansk, na Rússia, e foi treinada pela marinha russa. Segundo ele, a marinha russa é conhecida por usar belugas em operações militares como guardar bases navais, ajudar mergulhadores e encontrar equipamentos perdidos.
No dia 8 de abril, autoridades russas prometeram libertar dezenas de orcas e belugas capturadas no extremo oriente russo e que estavam amontoadas em tanques desde o verão, uma situação que comoveu ambientalistas e gerou abaixo-assinado endossado pelo ator Leonardo DiCaprio.
Eram 11 orcas e 93 belugas, cuja situação expôs o comércio destes mamíferos marinhos para os parques de diversões aquáticos.
Segundo a agência de notícias AFP, sob uma crescente pressão internacional, o governador da região de Sakhalin, Oleg Kojemiako, anunciou que "tomou a decisão de libertar os animais na natureza" depois de ter se reunido com o americano Charles Vinick, um defensor dos animais, e com o filho do famoso explorador francês Jacques-Yves Cousteau, Jean-Michel.
A Rússia é o único país onde estes mamíferos podem ser capturados no oceano para "fins pedagógicos", o que constitui uma lacuna jurídica que os traficantes utilizam para vender animais no exterior, especialmente na China.
Ainda não se sabe se a beluga encontrada na Noruega teria relação com a libertação dos demais animais.
No mar profundo, nas profundezas dos oceanos, rios e lagos, peixes, crustáceos, corais, moluscos, mamíferos, peixes abissais, em um mundo ainda bastante desconhecido.
segunda-feira, 29 de abril de 2019
sexta-feira, 26 de abril de 2019
A catástrofe que matou milhares de filhotes e comprometeu uma geração de pinguins-imperadores
Milhares de filhotes de pinguins-imperadores se afogaram quando o mar congelado onde viviam foi destruído por condições climáticas extremas.
A catástrofe ocorreu em 2016 no Mar de Weddell, na Antártida, e acaba de ser relatada por uma equipe da British Antarctic Survey (BAS), a operação nacional britânica na região, no periódico científico in the journal Antarctic Science.
Assim, a colônia de pinguins-imperadores que vivia às margens da prateleira de gelo Brunt - que, por diversas décadas, reuniu entre 14 mil e 25 mil casais destas aves, o que corresponde de 5% a 9% da população global da espécie - desapareceu praticamente da noite para o dia.
Os cientistas Peter Fretwell e Phil Trathan perceberam o desaparecimento da colônia Halley por imagens de satélite. Mesmo em imagens tiradas a até 800 quilômetros de distância, é possível identificar o excremento das aves, conhecido por guano, em meio ao gelo branco e estimar assim o tamanho provável de um agrupamento.
Ventos fortes abriram buracos dentro da lateral mais espessa da prateleira Brunt, e o gelo que nunca se reformou completamente.
"O gelo que se formou desde 2016 não foi tão forte. As tempestades que ocorrem em outubro e novembro agora vão acabar fazendo com que ele desapareça mais cedo. Portanto, a situação mudou. O gelo deixou de ser estável e confiável", disse Fretwell.
Os imperadores são a espécie de pinguim mais alta e pesada. Por isso, precisam de plataformas de mar congelado estáveis para se reproduzir. Elas devem durar, pelo menos, de abril, quando as aves chegam, até dezembro, quando filhotes já têm condições de flutuar.
Quando o gelo se rompe cedo demais, os filhotes não conseguem sobreviver, porque ainda não têm as penas adequadas para começar a nadar. Foi o que parece ter ocorrido em 2016.
A equipe britânica acredita que muitos adultos evitaram se reproduzir nesses últimos anos ou mudaram-se para novos criadouros no Mar de Weddell. Uma colônia a cerca de 50 km de distância, perto da geleira Dawson-Lambton, teve um grande aumento no número de animais.
Segundo cientistas, o evento fez com que a colônia de Brunt entrasse em colapso, pois as aves adultas não deram nenhum sinal de tentar restabelecê-la.
Não está claro por que a plataforma de gelo marinho na borda da prateleira Brunt não conseguiu se regenerar. Não há uma evidência climática clara para isso. Observações atmosféricas e oceânicas nas proximidades da Brunt encontraram poucas mudanças.