sábado, 23 de fevereiro de 2013

Pesquisa explica como foca pode dormir com metade do cérebro


Cientistas da Universidade da Califórnia, nos EUA, e da Universidade de Toronto, no Canadá, identificaram alguns dos "segredos" químicos que fazem com que as focas possam dormir com apenas metade do cérebro, mantendo a outra metade acordada enquanto descansam. O estudo foi publicado na edição deste mês do "Journal of Neuroscience". O comportamento, similar ao de algumas espécies de baleia, ocorre quando as focas estão na água. É uma forma de manter-se alerta ao descansar caso surjam predadores, por exemplo, de acordo com os cientistas. 

Quando as focas descansam em terra firme, eles agem como outros animais e fazem ambos os lados do cérebro dormirem ao mesmo tempo, afirma a pesquisadora Jennifer Lapierre, da Universidade de Toronto, uma das autoras do estudo. Lapierre mediu as alterações químicas nos dois lados do cérebro das focas e descobriu grande concentração de um neurotransmissor, a acetilcolina (ACh), em uma das metades - justamente o lado acordado do órgão, segundo a pesquisadora. "A descoberta indica que a acetilcolina leva a um estado de alerta em um dos lados do cérebro do animal", diz uma nota da Universidade de Toronto. A substância deve estar associada à manutenção do "despertar" de parte do cérebro da foca, indica a pesquisadora. Na outra metade do órgão, a ACh foi encontrada em quantidade reduzida. 

Outro achado é que a serotonina, neurotransmissor associado à sensação de bem-estar, estava presente em níveis iguais em ambos os lados do cérebro das focas, tanto na hora em que elas dormiam quanto nos momentos em que estavam acordadas. Estas descobertas podem ajudar a entender a insônia em seres humanos, diz Jerome Siegel, pesquisador da Universidade da Califórnia. O estudo dá mais um passo para a busca de soluções para o problema, dizem os cientistas. "As focas fazem uma coisa biologicamente incrível: dormir com metade do cérebro, uma de cada vez. O lado esquerdo pode descansar enquanto o direito está acordado. Elas fazem isso quando estão na água", reforça o professor de biologia John Peever, também um dos autores da pesquisa.

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