sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

Foca resgatada com frisbee entalado no pescoço é devolvida ao mar na Inglaterra


Uma foca que apareceu numa praia britânica com um frisbee preso em seu pescoço foi devolvida ao mar após meses de reabilitação. A foca cinzenta, que ganhou o apelido de Mrs. Frisbee, foi achada em setembro na praia de Horsey, em Norfolk, Inglaterra, com um disco plástico no seu pescoço, causando ferimentos em sua pele. Uma entidade de apoio às focas resgatou o animal e a levou ao Centro de Vida Selvagem East Winch, da sociedade protetora dos animais. A foca estava em estado grave e sua sobrevivência era incerta, mas ela conseguiu melhorar e sobreviver, passando de 66 kg para 179 kg.

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

A criativa solução da Noruega para acabar com o lixo plástico nos oceanos


A Noruega tem o que especialistas consideram o melhor sistema de reciclagem de garrafas plásticas do mundo. Ali, quase 600 milhões de garrafas foram recicladas em 2016 - uma taxa de reciclagem de 97%. No Brasil, para efeitos de comparação, a proporção é de 50%. No país europeu, funciona assim: lojas instalam máquinas que recompensam clientes que devolvem garrafas plásticas. "Quando você compra uma garrafa de refrigerante... você paga uma coroa norueguesa a mais e, quando a colocamos na máquina, recuperamos o dinheiro", diz uma cliente. O esquema reduz a necessidade de se produzir mais plástico. "Uma garrafa pode ser reciclada mais de uma vez. Na verdade, 12 vezes. Separamos as transparentes das coloridas. As transparentes são usadas para criar novas garrafas", diz Kjell Clav Maldum, diretor da Infinitum, de reciclagem de embalagens plásticas. "As coloridas são usadas para produzir outros materiais plásticos", completa ele. Mas quem paga por isso? As fabricantes de bebidas. É voluntário, mas quem adere ao sistema paga menos imposto.

O 'lagostim de mármore', espécie mutante que clona a si próprio e se espalha pelo mundo


Depois de sequenciar o DNA da espécie Procambarus virginalis, popularmente conhecida como 'lagostim de mármore', uma equipe de pesquisadores de vários países concluiu que todos os indivíduos existentes hoje são descendentes de uma única fêmea criada em cativeiro. Esta fêmea passou por uma mutação e começou a se reproduzir de forma assexuada, clonando a si própria. Um estudo sobre o caso foi publicado nesta semana na revista científica Nature Ecology and Evolution. Os clones, todos do gênero feminino, estão há três décadas produzindo filhas de si próprias e se expandindo pelo mundo. Frank Lyko é biólogo molecular do Centro Alemão de Investigação em Câncer e um dos co-autores do estudo. Ele chamou o fenômeno, em um blog do site da revista Nature, de "invasão dos clones". E não é para menos. Hoje em dia, o 'lagostim de mármore' é considerado uma espécie super-invasora, presente em várias zonas da Europa, África e Ásia, ameaçando ecossistemas lá presentes. "A origem do fenômeno, por enquanto, é desconhecida", escreveu Lyko. O biólogo também foi o responsável por descrever a espécie em 2015. Foi ele que escolheu o nome Procambarus virginalis, que em latim significa "lagostim ou caranguejo virgem". A primeira vez que Lyko viu um exemplar da espécie foi em 2015, quando um criador lhe mostrou alguns animais que tinha comprado em uma feira de aquarismo na Alemanha. Os então chamados "lagostins do Texas", escreveu Lyko no blog, "se propagaram rapidamente no aquário. Eram grandes e esteticamente agradáveis, o que os tornou populares entre os aquaristas". Logo descobriu-se que um único indivíduo podia produzir centenas de ovos de uma vez. Poucos anos depois, o Procambarus virginalis já estava disponível em lojas de aquarismo em várias partes do mundo, e começaram a aparecer registros de populações selvagens, provavelmente graças à liberação por humanos. Por enquanto, o que se sabe é que o primeiro indivíduo foi uma fêmea de cativeiro. Mas não está claro se ela viveu na Alemanha. Pode, inclusive, ter vindo dos Estados Unidos. É que os 'lagostins de mármore' são descendentes de animais de rio (Procambarus fallax), uma espécie endêmica do Estado da Flórida, nos EUA. Mas essa espécie se reproduz de forma sexuada (com macho e fêmea). O que é certo é que, de alguma forma, uma fêmea de aquário sofreu uma mutação que a levou a ter três pares de cromossomos em vez de dois, como é o usual. Em vez de apresentar má formações que a impedissem de sobreviver, esta fêmea desenvolveu a capacidade de produzir ovos, que se converteram em embriões e depois em lagostins fêmeas com os mesmos três pares de embriões. Todas elas eram um clone da mãe, nascidas através de um processo conhecido como partenogênese.

A misteriosa água-viva de apenas dois centímetros que cientistas acreditam ser imortal


O ser humano sempre desejou a imortalidade, buscando a fonte da juventude, o elixir da vida eterna. Também povoou suas mitologias, religiões e histórias com seres, deuses e heróis que nunca morrem. Mas, na vida real, quem conseguiu esse feito foi uma pequena água-viva de não mais do que dois centímetros de diâmetro. Depois de milhões de anos de evolução, esse bicho conquistou um poder de regeneração fantástico e não morre de causas naturais - só quando atacado por predadores. Por isso, em tese, pode viver para sempre. Batizada de Turritopsis nutricula, é uma das cerca de 4 mil espécies de águas-vivas conhecidas no planeta. Foi descoberta em 1843 pelo zoólogo francês René-Primevère Lesson. Mas só mais recentemente sua capacidade de viver para sempre foi reconhecida. Há duas versões sobre o achado dessa característica inusitada. De acordo com uma delas, a imortalidade da Turritopsis nutricula foi encontrada por acaso, em 1988, pelo então estudante alemão de biologia marinha Christian Sommer. Ele passava férias de verão na Riviera Italiana, no Mar Mediterrâneo, e aproveitava para coletar espécies de hidrozoários para uma pesquisa. Nessa empreitada, acabou capturando a pequena e intrigante água-viva. Sommer levou o animal para o laboratório e o observou por vários dias. Ficou espantado com o que viu. O animal simplesmente não morria. Pelo contrário, parecia que estava seguindo caminho inverso do envelhecimento e da morte, tornando-se cada vez mais "jovem". A água-viva chegou até a regredir a sua primeira fase de desenvolvimento, reiniciando seu ciclo de vida novamente. E assim continuou sucessivamente, envelhecendo e rejuvenescendo, para voltar a envelhecer e rejuvenescer. A outra versão diz que a descoberta da imortalidade da Turritopsis nutricula foi feita pelo pesquisador japonês Shin Kubota, hoje um dos maiores especialistas do mundo nesse animal. Kubota descobriu o poder de rejuvenescimento ou regeneração dessa água-viva quando encontrou, no mar do sul do seu país, uma delas cheia de espinhos em seu corpo. Ao arrancá-los, percebeu que as feridas se curavam. e o bicho rejuvenescia. Entre 2009 e 2011, o pesquisador repetiu a experiência 12 vezes, ferindo as águas-vivas. Em todas elas, aconteceu a mesma coisa: elas se regeneravam e voltavam ao estágio inicial do seu ciclo de vida. De acordo com o professor de zoologia Antonio Carlos Marques, do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP), a Turritopsis nutricula é imortal "no sentido de que seus tecidos rejuvenescem e fases de vida regridem, no melhor estilo Benjamin Button". Marques se refere ao filme O curioso caso de Benjamin Button, de 2008, no qual o personagem principal, interpretado pelo ator Brad Pitt, nasce com aparência de idoso e vai ficando cada vez mais jovem à medida que o tempo passa. Essa capacidade de se regenerar continuamente não significa que a água-viva nunca morra. O animal pode ser comido por um predador, por exemplo. "É algo como os highlanders: são imortais até que sua cabeça seja cortada", compara Marques, agora em referência a outro filme, Highlander - O guerreiro imortal, de 1986. O pesquisador Sérgio Stampar, do Laboratório de Evolução e Diversidade Aquática do campus de Assis da Universidade Estadual Paulista (Unesp) explica que essa espécie de água-viva tem a capacidade de passar por um processo de reestruturação de tecidos (um tipo de regeneração) e voltar ao estágio inicial de vida, mesmo depois de atingir a maturidade sexual. "Fazendo uma analogia, seria como se nós adultos pudéssemos voltar ao estágio de bebê", explica. Em tese, esse processo de regeneração da água-viva poderia acontecer para sempre.