segunda-feira, 5 de agosto de 2019

Navio sueco recupera 'canto' de belugas em gravações perdidas no Oceano Ártico


Marinheiros suecos salvaram, por acaso, uma pesquisa de cientistas dos EUA no Oceano Ártico. A tripulação do navio Oden encontrou um gravador, que registrava o canto das baleias-brancas, ou belugas, preso em um bloco de gelo bem na rota de outras embarcações. A equipe do navio quebra-gelo resgatou o equipamento em 25 de julho, quando os pesquisadores dos EUA acreditavam ser impossível reaver este material, informaram nesta sexta (2) os cientistas. Pesquisadores que monitoravam o dispositivo na Califórnia, EUA, disseram que foi por conta de uma sequência "milagrosa" de acontecimentos que a embarcação Oden pôde recuperar as mais de oito mil horas de gravações feitas no extremo norte do Canadá. "Como estava preso em um bloco de gelo pesado, teria sido só uma questão de tempo até ser despedaçado", comentou. A instituição de pesquisa começou a usar o gravador anexado a uma boia para acompanhar os ruídos do Estreito de Barrow, em 2013. Os sons captados no arquipélago Ártico Canadense serão utilizados para entender melhor o impacto da mudança climática na vida marinha da região. A boia capta os ruídos do oceano: do zumbido das turbinas de navios aos estalos agudos das baleias-brancas. Os sons, inaudíveis para humanos, renderam à espécie sociável o apelido de "canários do mar". A música enigmática dos narvais, conhecidos por suas "presas" longas, e os sons emitidos por baleias-da-Groenlândia e focas barbudas também foram capturados pelo equipamento submarino sensível.

quarta-feira, 31 de julho de 2019

Fotógrafo registra momento em que baleia-jubarte quase engole leão-marinho



O biólogo marinho e fotógrafo americano Chase Dekker registrou o momento em que uma baleia-jubarte quase engole um leão-marinho. Ele acredita ser a primeira vez que um evento desses é fotografado. Dekker fez o registro quando observava baleias em um barco na Baía de Monterey, na Califórnia, no dia 22 de julho. Foi quando avistou grupos de baleias e leões marinhos. "Não era um grupo grande. Apenas três jubartes e cerca de 200 leões-marinhos", contou o biólogo ao programa de rádio Newsbeat, da BBC, dizendo que já viu grupos de até 100 baleias com 3 mil leões- marinhos. Os animais se alimentavam de um cardume de anchovas que quando uma das baleias apareceu com algo maior na boca. "Quando a baleia subiu, tive uma fração de segundo para entender que o leão-marinho estava no topo da baleia e para fotografar a sequência." O biólogo diz estar "mais de 100% seguro" que o leão saiu nadando são e salvo depois de escapar da boca da baleia. As jubartes não têm dentes. Alimentam-se de crustáceos por um processo de filtração - usando uma série de placas de queratina na boca. O alimento é retido e a água é eliminada. O esôfago do mamífero é relativamente pequeno, incapaz de engolir um leão-marinho. Uma baleia normalmente leva menos de cinco segundos para comer, disse Dekker. Mas, nesse caso, ela afundou lentamente por 15 segundos com a boca aberta, dando ao leão-marinho tempo suficiente para fugir. "A baleia nunca fechou suas mandíbulas ao redor do leão-marinho, então este não se machucou. Ficou muito assustado, tenho certeza, mas não teve dano." De acordo com Dekker, predadores marinhos, como baleias, leões-marinhos, golfinhos e tubarões, costumam caçar o mesmo cardume de peixes. Por isso, pode acontecer de um animal maior parar, acidentalmente, na boca de uma baleia. Mas somente peixes pequenos, acredita o biólogo, tem razões para se preocupar. Quando a BBC falou com Dekker, ele estava a caminho de Tonga, na Oceania, para levar um grupo de entusiastas para nadar com baleias-jubarte - mas ele garantiu que não há risco de qualquer pessoa acabar sendo engolida nesta viagem. "Quase nunca abrem a boca enquanto estão lá." Mas é bom ficar de olho, diz o biólogo. "No ano passado, tivemos alguns encontros nos quais as baleias quase pularam em cima da gente", contou. "O perigo é quando saltam para fora da água."
Fotos: Chase Dekker

terça-feira, 23 de julho de 2019

Peixes colocados em quarentena esperam há quase 5 anos pelo Aquário do Pantanal


Peixes colocados em quarentena para o Aquário do Pantanal, em Campo Grande, esperam há quase 5 anos pela conclusão da obra que já custou mais de R$ 200 milhões. Desde que chegaram, os animais são mantidos em tanques em uma área dentro do Parque dos Poderes, na capital, que com o passar do tempo tornou-se um laboratório de pesquisas. O local é considerado o maior laboratório de peixes pantaneiros do mundo, com 150 tanques ativos que abrigam 189 espécies de peixes neotropicais, 135 espécies pantaneiras, além de 55 da Amazônia, 14 espécies africanas e outras da Oceania, Ásia e da América Central. Desde que foram colocados nos tanques, muitos peixes morreram e outros reproduziram-se. Em 2015, eram menos de 7 mil peixes na quarentena, atualmente, o número saltou para 10 mil. Os últimos filhotes que nasceram são de uma espécie de cascudo pantaneiro, é o primeiro registro dessa reprodução em laboratório no mundo. A reprodução das espécies é comemorada pelos pesquisadores não somente pela multiplicação, mas também pela certeza de que estão adaptando-se. O governo de Mato Grosso do Sul anunciou em maio que iria retomar as obras inacabadas do Aquário do Pantanal. Segundo o vice-governador e secretário estadual de Infraestrutura, Murilo Zauith, a alternativa encontrada para isso será fazer cinco licitações, uma para cada tipo de serviço que ainda demanda ser concluído, em vez de uma única para todo o empreendimento. O Centro de Pesquisa e Reabilitação da Ictiofauna, conhecido como Aquário do Pantanal, foi lançado em 2011 pelo então governador André Puccinelli (MDB). As obras começaram no mesmo ano. Esse ano foram fiscalizadas pela Justiça. O projeto é de que o empreendimento seria o maior aquário de água doce do mundo, com 6,6 milhões de litros de água, distribuídos em 24 tanques, com 7 mil animais de 263 espécies, entre elas peixes, jacarés e cobras. Contudo, as obras estão paradas desde 2015 e os gastos passaram de R$ 230 milhões. O empreendimento estava orçado, inicialmente, em R$ 84 milhões.

sexta-feira, 12 de julho de 2019

Peixes de água doce terão que comer mais detritos e vegetais para sobreviver ao aquecimento global, diz estudo de brasileiros



A elevação das temperaturas do planeta por causa do aquecimento global fará com que algumas espécies de peixes de água doce tenham que alterar seus hábitos alimentares e comer mais vegetais e detritos para sobreviver, prevê um estudo de pesquisadores brasileiros publicado na revista "Ecography" na segunda-feira (8). Eles estudaram peixes de grande porte que vivem em ambientes de água doce tropicais. Essas espécies precisam de mais energia e têm uma alimentação diferente dos peixes de mesmo tamanho que vivem no mar ou em ambientes temperados, mais frios. São peixes que terão de se adaptar a temperaturas mais altas. O estudo observou a influência da temperatura na relação entre o tamanho do organismo dos peixes e a sua função na teia alimentar. Após analisar 3.635 espécies de peixes, pesquisadores preveem que, entre outros possíveis impactos, o aquecimento global pode influenciar a dieta das espécies num futuro não muito distante. O estudo foi realizado por uma equipe liderada pelo professor José L. Attayde da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e por Danyhelton Dantas, pesquisador do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação da Biodiversidade Amazônica (Cepam). Um dos co-autores, o pesquisador Ronaldo Angelini, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), explicou ao G1 que "os ecossistemas marinhos permitem às suas espécies se deslocarem mais e encontrarem outras fontes de energia, o que as afetaria menos comparativamente às espécies de água doce". Ele conta que a diversificação alimentar deve se tornar uma vantagem para os peixes, assim como já é para os humanos. Por isso, as espécies de água doce serão as mais impactadas nesse aspecto. Aquelas que não se adaptarem às novas condições, correm sérios riscos. Conforme o estudo, o clima não afeta na mesma proporção a posição dos peixes de água salgada na cadeia alimentar. Segundo Rafael Guariento, da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), os peixes de água doce não têm muita opção: "usam a energia dos estratos mais baixos da cadeia alimentar, incluindo em sua dieta alimentos ricos em carbono como folhas, frutos e sementes, possivelmente provenientes do ambiente terrestre”. O carbono é a fonte de energia para o metabolismo dos organismos vivos. Como os peixes maiores basicamente "engolem" peixes menores para se alimentar, eles têm uma posição mais alta na cadeia alimentar. "Mas aí temos outro problema: quanto maior o corpo, maior a necessidade de energia”, explica Dantas. Em águas com temperatura mais alta, como nos ambientes tropicais, os peixes tendem a gastar mais energia. Portanto, precisam comer mais carbono do que aqueles peixes de mesmo tamanho que vivem em climas temperados, mais frios. Por isso, eles acabam se alimentando de plantas e detritos ricos em carbono. Uma evidência disso é o fato de que há mais espécies aquáticas herbívoras e onívoras nos trópicos. Em outras palavras: a temperatura tem um impacto na comida aquática disponível para os peixes.