Flagra da 'malandragem': o molusco macho (identificado pela
letra M, à direita) aparece com camuflagem similar à da fêmea
(identificada com a letra F) do lado que está exposto para um rival, que
não aparece na foto (indicado pela seta com a letra A). Do outro lado,
ele exibe o padrão listrado na tentativa de atrair a parceira. (Foto:
Culum Brown/Reprodução)
Pesquisadores detectaram uma habilidade surpreendente desenvolvida por uma variedade de molusco marinho para sobreviver no mundo selvagem do acasalamento: os machos de Sepia plangon têm a capacidade de mudar a cor da pele instantaneamente e ficar com a camuflagem típica da fêmea apenas em um dos lados do corpo - aquele que está voltado para um macho rival.
A Sepia plangon é um tipo de choco, animal "primo" da lula, que vive no mar do leste da Austrália. Enquanto "flerta", por exemplo, com uma fêmea receptiva à direita, mantendo esse lado com o desenho listrado característico dos machos da espécie, o choco se "traveste" de fêmea para enganar algum concorrente que esteja posicionado à sua esquerda.
O truque do molusco foi flagrado diversas vezes pela equipe do pesquisador Culum Brown, da Universidade Macquarie. A "malandragem" foi identificada em cerca de 40% dos casos em que havia uma um macho cortejando uma fêmea com um competidor ao redor. Os cientistas viram situações em que o recurso funcionou, mas também outras em que o macho disfarçado foi descoberto, o que terminava em briga. Nesses casos, vale a lei do mais forte.
As populações de Speia plangon têm mais machos que fêmeas e, por isso, elas são bastante disputadas. "Neste contexto, a seleção natural deveria favorecer fortemente qualquer tática que reduz a probabilidade de interrupção do cortejo e, com isso, maximiza o sucesso reprodutivo dos machos", conclui o estudo.
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