quarta-feira, 8 de julho de 2015

Câmeras subaquáticas ajudarão a contar tubarões do mundo


Usando iscas presas a câmeras subaquáticas em 400 recifes em todo o mundo, cientistas estão embarcando numa tentativa inédita de tentar contar os tubarões do mundo - anunciaram investigadores nesta terça-feira. Até 2018, o programa, chamado Global FinPrint, visa proporcionar uma visão clara de onde as populações de tubarões são saudáveis e onde eles estão enfrentando dificuldades, e como os tubarões impactam a saúde dos recifes de coral. "As pessoas podem não perceber, mas precisam dos tubarões", afirmou o biólogo marinho Mike Heithaus, pesquisador especialista em tubarões da Universidade Internacional da Flórida. Como predadores protagonistas nos oceanos, os tubarões têm um papel fundamental na cadeia alimentar. Eles ajudam a controlar o equilíbrio natural subaquático ao comer tartarugas e vacas-marinhas-de-steller e a manter baixas as populações que poderiam se proliferar na grama do mar, que é um habitat importante para peixes e camarões pequenos, explicou. Mas os tubarões estão em apuros em algumas partes do mundo. Cerca de 100 milhões de tubarões são retirados dos oceanos a cada ano por suas barbatanas e pela carne, disse Heithaus. O projeto Global FinPrint está recebendo quatro milhões de dólares em investimentos da empresa Vulcan Inc., do co-fundador da Microsoft Paul Allen, que financia uma série de iniciativas científicas sobre a saúde do oceano, voo espacial e compreensão do cérebro humano. "Um relatório recente da União Internacional para a Conservação da Natureza indicou que não temos os dados de que precisamos para avaliar com precisão o status da população atual de quase metade das espécies de tubarões e arraias", disse Dune Ives, diretor sênior de filantropia da Vulcan Inc."Essa informação vai nos ajudar a manter esforços de conservação mais eficazes". Alguns dados históricos sobre a população de tubarões já existem, incluindo alguns que são baseados em câmeras subaquáticas. Mas essa nova iniciativa deve aumentar de maneira drástica o número de câmeras em atuação em todo o mundo, particularmente em áreas onde pouco se sabe sobre a população de tubarões, como no Indo-Pacífico, Atlântico Ocidental tropical, e sul e sudeste da África e ilhas do Oceano Índico, afirmou Heithaus. "Este projeto não nos dará necessariamente um número absoluto, mas vai nos dar uma ideia relativa de quantos tubarões estão em diferentes áreas, que lugares têm populações saudáveis, quais são as áreas que causam grande preocupação", contou à AFP. A equipe internacional de pesquisadores está sendo liderada por Demian Chapman, da Stony Brook University, em Nova York. Outros estudiosos envolvidos vêm da James Cook University em Queensland, na Austrália, e do Instituto Australiano de Ciências Marinhas. Os dados da pesquisa serão disponibilizados nos próximos anos através de uma plataforma de acesso aberto com informações sobre densidade de espécies, habitats e tendências de diversidade. "A Global FinPrint vai nos ajudar a entender melhor um dos grandes mistérios do oceano: o que está acontecendo com os ecossistemas marinhos frágeis quando os tubarões são removidos?" disse Chapman. "Estas são questões muito importantes. Muitos países dependem da saúde de seus arrecifes de corais para a segurança alimentar, turismo e proteção costeira".

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