O aquecimento e o degelo da Antártida tiveram uma breve pausa, segundo publicação de cientistas nesta quarta-feira (20). A península, um dos lugares da Terra que sofreu pelo aquecimento do clima no último século, voltou a se resfriar devido a alterações naturais no local.
O aquecimento veloz registrado até o final dos anos 1990, que se estende rumo à América do Sul, desencadeou o rompimento de antigas plataformas de gelo, que são vastos fragmentos de gelo que flutuam no final das geleiras, e um declínio em algumas colônias de pinguins.
Uma mudança para ventos mais frios e a chegada de mais gelo marítimo causaram um resfriamento na região, apesar do acúmulo de gases de efeito estufa na atmosfera. A análise foi publicada por cientistas na revista "Nature".
"O aumento de gases de efeito estufa (...) está sendo sobrepujado nesta parte da Antártida" por variações naturais no clima local, disse o principal autor do estudo, John Turner, da Pesquisa Britânica na Antártida (BAS, na sigla em inglês).
"Certamente não estamos dizendo que o aquecimento global acabou. Pelo contrário", disse ele em uma teleconferência a respeito do estudo. "Estamos destacando a complexidade da mudança climática."
Desde aproximadamente 1998, as temperaturas do ar da Antártida diminuíram cerca de 0,5ºC por década, aproximadamente o mesmo ritmo que vinha subindo desde cerca de 1950.
A estabilização do buraco da camada de ozônio sobre a Antártida, que protege o planeta dos raios ultravioleta, pode explicar em parte a alteração nos ventos que levaram ao resfriamento, segundo o estudo.
Mas o aumento de gases de efeito estufa, sobretudo em razão da queima de combustíveis fósseis em todo o mundo, significa que o resfriamento deve ser só um evento isolado em um canto da Antártida.
As temperaturas provavelmente devem voltar a subir e podem ter um acréscimo de 3ºC a 4ºC até o ano de 2.100, alertou Turner.
Na cúpula climática de Paris em dezembro, quase 200 governos assinaram o acordo mais ambicioso até o momento para conter o aquecimento global, adotando a meta de eliminar o uso de combustíveis fósseis gradualmente até 2.100.
Cerca de 10 plataformas de gelo diminuíram muito de tamanho ou se desintegraram na Antártida nas últimas décadas. Em 2014, no mesmo local, cientistas flagraram uma nova rachadura de dezenas de quilômetros de extensão em uma plataforma.
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