quarta-feira, 6 de novembro de 2019

Peixe-boi ameaçado de extinção volta à natureza, em aldeia no Amapá, seis anos após resgate





Após viver 6 anos em uma piscina, o peixe-boi chamado "Victor Maracá" agora explora um novo espaço: um rio na Aldeia do Manga, em Oiapoque, no extremo Norte do Amapá. A soltura aconteceu em outubro, após um ano de mobilização de órgãos ligados à área ambiental para realizar esta etapa da reintrodução dele à natureza. O animal, que foi resgatado em 2013 em uma praia do município de Amapá após se perder da mãe, recebeu cuidados diários ao longo desses anos no Centro de Triagem de Animas Silvestres (Cetas). Agora saudável, "Victor Maracá" já ultrapassou os 300 quilos de peso distribuídos em 2,35 metros. A operação, liderada pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama), contou com apoio da comunidade, do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e do Exército Brasileiro. De acordo com a superintendente do Ibama, Marinete Pantoja, a soltura aconteceu na manhã do dia 30 de outubro. "Ele está ainda se alimentando com ajuda das pessoas. Ele vivia em uma piscina, agora está no rio. Já começa a viver no habitat natural dele. Ele está se aclimatando e aos poucos vai tendo mais espaço, se sentindo mais forte, com a musculatura mais forte. Isso é importante para a gente ter certeza que ele vai ficar bem", comentou Marinete. O animal viajou cerca de 10 horas por 590 quilômetros da BR-156, entre Macapá e Oiapoque, através de uma logística arriscada, porém, cuidadosa, acompanhada por profissionais especializados. Inicialmente a ideia era fazer o transporte por avião, mas não foi possível. Até o exato local da soltura, ele também precisou ser levado em uma embarcação chamada "voadeira". O animal recebeu um cordão para a adaptação dele ser monitorada através de GPS. Ele viverá pelo período de 3 a 6 meses em um semicativeiro, que é um espaço no rio que foi cercado. Ele também é acompanhado por profissionais do Ibama, do Instituto de Desenvolvimento Rural do Amapá (Rurap) e também por pessoas da aldeia. A ideia é que ele ganhe resistência para sobreviver no habitat natural. Em 2018 tentaram soltar o animal, e, apesar de ter o transporte aéreo garantido pela Força Aérea Brasileira (FAB), na última hora, um exame atestou que o peixe-boi estava com leptospirose. A viagem foi cancelada, os exames foram refeitos e ficou comprovado que ele não estava doente. Um ano depois, a soltura foi concretizada. "Houve um estudo primário para que colocássemos ele nessa área. Sentimos que o animal está seguro nesse local de aclimatação", certificou a superintendente do Ibama. Sadio e pronto para reconhecer o próprio mundo aquático, Vitor Maracá ainda tem muito tempo para aproveitar e se reproduzir, afinal a espécie vive em média 50 anos, podendo chegar até os 60. Para a equipe que o acompanhou desde filhote, a ausência será sentida.

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