A desnutrição pode explicar o forte aumento do número de baleias-jubartes que encalham na costa ocidental da Austrália, indicaram nesta quarta-feira (28) cientistas em uma conferência em Perth. A necropsia dos cetáceos, em sua maioria espécimes jovens, mostrou que as baleias encalhadas sofriam de desnutrição.
De acordo com Carly Holyoake, da Universidade Murdoch, "a maioria [dos exemplares] tinha um nível de gordura muito baixo, indispensável para a energia, a regulação térmica e a capacidade de flutuar", acrescentou.
Segundo a agência France Presse, entre 1989 e 2007, até três baleias-jubartes encalhavam todos os anos na costa ocidental da Austrália, sobretudo na parte sul.
O número aumentou para 13 em 2008 e para 46 em 2009. Em 2010 e 2011, encalharam, respectivamente, 16 e 17 baleias.
Entre as causas da desnutrição desses mamíferos aquáticos figuram a intensificação da pesca comercial de krill (para as explorações piscícolas) e a influência, ainda pouco conhecida, do aquecimento global nas quantidades de krill nas águas. O krill é um elemento chave na dieta das baleias.
Na última semana, o governo brasileiro tirou a jubarte da lista de espécies ameaçadas de extinção graças ao aumento da população desses animais no litoral do país, onde cruzam e geram novos filhotes. A espécie foi reclassificada para "quase ameaçada", status que demanda a continuidade de trabalhos de conservação.
Segundo o MMA e o Instituto Baleia Jubarte, há quase três décadas existiam entre 500 e 800 animais vivendo apenas na região de Abrolhos, no sul da Bahia – principal concentração dessas baleias. Em 2011, quando foi realizada a última contagem aérea, foram avistados 14 mil animais. Até o próximo censo, previsto para este ano, o número pode saltar para 20 mil.
No país, elas são encontradas na costa do Espírito Santo e Bahia entre julho e novembro, onde permanecem para procriação. De dezembro até junho, seguem para a Antártica, onde se alimentam de krill (invertebrados parecidos com o camarão).