Cientistas britânicos e australianos resolveram um mistério do mundo marinho: os efeitos da mordida indolor de um peixinho venenoso ornamental.
Eles constataram que o fang blenny, natural de corais do Oceano Índico, se defende de predadores ministrando opioides - um composto similar à morfina e à heroína, que causa uma queda súbita na pressão sanguínea e, aparentemente, distrai o predador por tempo suficiente para que a presa escape.
A pesquisa, que reuniu especialistas da Liverpool School of Tropical Medicine, no Reino Unido, e da Universidade de Queensland, na Austrália, foi publicada na revista especializada Cuttent Biology e é um exemplo dos segredos escondidos em nossos oceanos.
Bryan Fry da Universidade de Queensland, explica que peixes com algum tipo de mordida venenosa normalmente produzem dores imediatas.
"Uma das maiores dores que sofri na minha vida foi quando fui picado por uma arraia. Foi algo infernal", contou ele.
Por isso, o fang benny aguçou a curiosidade dos cientistas: eles queriam entender por que sua mordida era indolor.
"Mordidas ou picadas dolorosas são um mecanismo de defesa útil - os predadores aprendem a evitá-las", explica Nicholas Casewell, cientista da Liverpool School of Tropical Medicine.
Casewell conta que os estudos sobre o fang blenny feitos nos anos 70 observaram o comportamento de peixes maiores.
"Eles colocavam os blennies na boca, mas rapidamente começavam a tremer e a abriam novamente. O fang blenny simplesmente nadava para fora."
Ao analisar a composição do veneno dos peixinhos, os cientistas descobriram o opiáceo, composto conhecido como potente analgésico e usado tanto como remédio quanto droga recreativa, como no caso da heroína.
Mas esse tipo de composto causa também queda na pressão sanguínea, levando a tonturas e estado de fraqueza.
"Isso parece causar nos predadores uma perda de coordenação, permitindo que o blenny fuja", completa Casewell.
No mar profundo, nas profundezas dos oceanos, rios e lagos, peixes, crustáceos, corais, moluscos, mamíferos, peixes abissais, em um mundo ainda bastante desconhecido.
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terça-feira, 4 de abril de 2017
quarta-feira, 8 de junho de 2016
Cientistas desvendam mistério dos 'cogumelos transparentes' que vivem nas profundezas do mar
Cientistas australianos identificaram por meio de análise genética a origem do "cogumelo" encontrado a grandes profundidades no mar.
A criatura gelatinosa foi vista pela primeira vez há 30 anos na Tasmânia, no Pacífico. Ela têm uma haste cilíndrica coberta por um disco plano e semi-transparente que abriga uma ramificação de canais visíveis a olho nu.
Como estes canais se parecem com diagramas em formato de árvore, conhecidos como dendogramas, o termo inspirou seu nome científico: Dendrogramma.
Os espécimes originais foram descritos por cientistas pela primeira vez em 2014 por uma equipe de pesquisa dinamarquesa. Esses pesquisadores afirmaram que essas as criaturas fazem parte de um grupo taxonômico único, segundo estudo publicado no periódico científico "PLOS One".
Mas os cientistas não validaram isso com evidências genéticas, em parte por causa da forma como os espécimes haviam sido preservados, mantendo no ar a dúvida sobre sua real natureza.
"Eles chegaram a coletar amostras, mas o material se deteriorou", diz Tim O'Hara, curador sênior do Museu Victoria, em Melbourne, na Austrália.
O'Hara diz que, assim como na Ciência Forense e na Medicina, o DNA tornou-se "peça essencial do 'kit de ferramentas' de um zoólogo".
"Hoje, publicar a descoberta de um novo sub-reino sem mostrar como ele se relaciona com outros animais por meio do DNA é uma forma antiquada de trabalhar."
Mas, no fim de 2015, uma nova expedição coletou novas amostras, que estavam a 2,8 mil metros de profundidade no litoral sul da Austrália.
"Foi um momento 'eureca!'", diz Hugh MacIntosh, pesquisador sênior do Museu Victoria que identificou as criaturas em novembro passado.
"Ao segurar um contra a luz e ver suas veias bifurcadas características irradiando pelo corpo transparente, percebi que havíamos acabado de reencontrar o Dendogramma."
Ao todo, 85 espécimes foram coletados e armazenados em uma solução que permitiria a extração de seu DNA.
"De repente, podíamos ter o DNA e completar o quebra-cabeça, e foi isso que fizemos", afirma O'Hara, que liderou a etapa genética da pesquisa.
quarta-feira, 4 de maio de 2016
Esperma de crocodilo pode servir para entender infertilidade masculina
Cientistas australianos descobriram que o esperma dos crocodilos de estuário pode servir como modelo para estudar a infertilidade nos seres humanos, segundo um estudo publicado nesta quarta-feira (4) pela revista científica britânica "Proceedings of the Royal Society B".
"Esperamos utilizar o crocodilo como modelo para entender as funções do esperma em níveis básicos e ver se podemos aplicar (este conhecimento) para tratar a infertilidade em nossa própria espécie", disse Brett Nixon, biólogo da Universidade de Newcastle na Austrália e líder do estudo.
Nixon explicou que muitos casos de infertilidade masculina estão vinculados a defeitos no esperma, que em condições normais emerge dos testículos em uma forma imatura e deve se expor a certas condições nos sistemas reprodutivos do homem e da mulher antes de poder fertilizar um óvulo.
"Antes de serem ativados, parecem normais, mas não têm a capacidade de nadar e acreditamos que não tenham a habilidade de reconhecer um óvulo e participar da fertilização", explicou Nixon à emissora local "ABC".
Até o momento, achava-se que o processo do amadurecimento do esperma era único nos mamíferos e que no caso dos crocodilos era similar ao das aves, ou seja, que uma vez que saíam dos testículos eram capazes de fertilizar.
No entanto o estudo sobre o esperma dos crocodilos de estuário da Austrália revela que este se comporta de forma parecida aos espermatozoides dos mamíferos, inclusive dos seres humanos.
Para este estudo, os cientistas colheram o esperma de vários crocodilos de estuário australiano, que estavam sedados, e os incubaram em condições similares aos de um sistema reprodutor feminino.
Assim foi identificado um grupo de proteínas que permitem que o esperma se movimente e reconheça os óvulos e que são similares às que estão presentes no esperma humano.
Os pesquisadores acreditam que também identificaram uma interseção química, na forma de íons de bicarbonato, no sistema reprodutivo feminino que contribuem para ativar as proteínas.
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