quinta-feira, 6 de dezembro de 2018

Lacre plástico faz golfinho em extinção morrer de fome na costa de SP



Uma toninha (Pontoporia blainvillei), espécie de golfinho de menor porte, foi encontrada com um lacre que a impedia de se alimentar, próximo à orla de Praia Grande, no litoral de São Paulo. Segundo o instituto que o resgatou, o animal já estava morto, com sinais de desnutrição e com plásticos no sistema digestório. A localização ocorreu durante o fim de semana por um pescador, depois que a toninha, já sem vida, ficou presa acidentalmente na rede que ele havia jogado no mar. Tratava-se de um macho adulto, que foi entregue à equipe do Instituto Biopesca, responsável por fazer o monitoramento costeiro daquela região. Segundo o veterinário responsável do instituto, Rodrigo Valle, essa espécie de golfinho corre risco de extinção. Segundo ele, o animal estava visivelmente magro, o que indica que ele não conseguia se alimentar há algum tempo, em razão do lacre em forma de argola preso ao rostro (estrutura que se assemelha a um bico). Além disso, ao ser submetido a exame necroscópico, a equipe do instituto também verificou que não havia qualquer alimento, além de pedaços de plástico, no sistema digestório da toninha. Para Valle, a morte desse animal evidencia o impacto humano diante do ecossistema marinho dessa região do estado. "Tivemos [ocorrências] com diferentes espécies. O lixo é principalmente plástico, e a situação é bem preocupante", declarou. No descarte de lacres, por exemplo, recomenda-se que, além de fazê-lo em locais adequados, a pessoa também os corte, para evitar que se prendam a animais. O Biopesca integra uma rede de projetos que monitoram a costa, como condicionante para a exploração do pré-sal da Bacia de Santos. Em dias de alta temporada, 110 brinquedos e 155 óculos já foram recolhidos da orla, em um intervalo de 48 horas. Os objetos, em boas condições, foram doados para serem reaproveitados. Aproximadamente 70 animais encalham (a maior parte já sem vida) e são resgatados por mês, em 80 quilômetros de praias, em quatro cidades da região, pela equipe do instituto. Das tartarugas, um levantamento mostra que em 90% delas foram encontrados resíduos plásticos no sistema digestor.

terça-feira, 4 de dezembro de 2018

'Nunca esquecerei o choro delas’: o relato da jovem que encontrou 145 baleias encalhadas em praia da Nova Zelândia




"Foi a pior noite de toda a minha vida." Foi assim que Liz Carlson descreveu a descoberta de 145 baleias encalhadas em águas rasas e morrendo em uma praia remota da Nova Zelândia. Blogueira de viagem americana, com 30 anos, Liz estava com um amigo fazendo uma caminhada de cinco dias na ilha Stewart quando elas se depararam com a cena trágica. O que seria um longo e bonito trecho de praia deserta havia se tornado o local de uma desesperadora batalha pela vida: 145 baleias-piloto, encalhadas na maré-baixa, lutavam em agonia nas ondas suaves de uma área rasa. "Foi um daqueles momentos de cair o queixo", relatou para a BBC. "Nós chegamos na praia por volta do pôr do Sol e avistamos algo nas águas rasas. Quando nos demos conta de que eram baleias, nós largamos tudo e saímos correndo em direção ao mar." Liz já havia visto baleias selvagens antes, mas "nada pode prepará-lo para algo assim, foi horrível". Os dois amigos imediatamente buscaram encontrar alguma forma de ajudar, de puxar as baleias de volta para águas mais profundas. "Mas você rapidamente percebe que não pode fazer nada. Elas são muito grandes." "A futilidade da situação foi o pior. As baleias estavam chorando umas para as outras. E nós não podíamos fazer nada para ajudá-las." Incapazes de levar as baleias de volta para águas mais profundas, os amigos buscaram desesperadamente pensar em outras maneiras de ajudar. A ilha Stewart é remota, ao sul da principal e maior ilha da Nova Zelândia. E a praia específica onde eles estavam escalando é ainda mais deserta. Nos últimos dois dias de trilha, a dupla não tinha visto mais ninguém no local. Mas eles sabiam que a cerca de 15 km ali havia uma cabana onde ficavam alguns guardas-florestais. Sem sinal de celular, eles esperavam que houvesse algum rádio na cabana. Então, o amigo de Liz, Julian Ripoll, começou a correr em direção ao local para pedir ajuda. 'Meu coração ficou despedaçado' Assim, Liz ficou sozinha com as dezenas de baleias que estavam morrendo encalhadas naquela longa praia. "Eu nunca vou me esquecer do choro delas, da forma que elas me observavam enquanto eu ficava sentada ao lado delas na água, e de como elas tentavam desesperadamente nadar, mas acabavam afundando ainda mais na areia, por causa do seu peso", escreveu Liz no Instagram. "Meu coração ficou completamente despedaçado." Liz então avistou uma baleia bebê, menor e menos pesada, e tentou ajudá-la a voltar para a água. "Eu fiz tudo o que pude para colocar a bebê de volta na água, mas ela continuava a voltar para a praia por conta própria", contou para a BBC. "Depois que Julian saiu em busca de ajuda, eu fiquei ali sentada com a bebê." "Você pode sentir o medo dos animais enquanto eles olham para você. Eles observam. E seus olhos são muito humanos". Nas horas seguintes, não havia mais o que fazer, exceto esperar. "Eu sabia que elas iriam, inevitavelmente, morrer", escreveu Liz no Instagram. "Eu ajoelhei na areia, gritando de frustração e chorando, com o som de dezenas de baleiras morrendo ao meu lado, completamente sozinha". Algumas horas depois, Julian chegou com um grupo de guardas-florestais. Eles puderam avaliar a situação, mas, quando caiu a noite, estava claro que não havia mais nada que pudesse ser feito. A maioria das baleias estava na praia. A maré ainda estava subindo. Então, Liz e Julian foram para seu local de acampamento, desejando que, durante a noite, ao menos as duas baleias pequenas conseguissem voltar para o oceano. Mas, na manhã seguinte, a situação era muito pior. A maré estava baixa novamente e as baleias estavam encalhadas na areia seca. Algumas já tinham morrido e outras estavam em agonia, sendo queimadas pelo sol. "Elas tinham lágrimas nos olhos", conta Liz. "Parecia que elas estavam chorando e fazendo sons muito tristes." Estava claro que nenhuma das baleias poderia ser salva. Era preciso cinco pessoas para mover uma única baleia. Mas, como a ilha era muito remota, não havia esperança de trazer mais pessoas para ajudarem a tempo. A população da ilha inteira soma poucas centenas de pessoas. Então, os guardas-florestais tiveram que tomar uma decisão de "cortar o coração", como eles próprios definiram: fazer eutanásia nas baleias remanescentes. A única alternativa seria deixá-las morrer, uma morte lenta e dolorosa que poderia levar vários dias. O Departamento de Conservação da Nova Zelândia (DOC, na sigla em inglês) afirmou que deixaria os corpos dos animais exatamente onde eles estavam, de modo que a natureza seguisse seu próprio curso. Segundo o órgão, não está claro porque as baleias foram parar ali. É comum ver baleias encalharem sozinhas, mas um evento massivo como esse é raro, diz o departamento. Pode ser que o grupo acabe se confundindo com a inclinação muito rasa da praia e acabe se aproximando da costa. Outra possibilidade é que esteja afetado por alguma doença. As baleias-piloto são muito sociais. Então, diz o DOC, é possível que uma baleia tenha encalhado e, em seguida, "as demais tenham nadado em sua direção para ajudá-la".
Fotos: Liz Carlson

terça-feira, 27 de novembro de 2018

A Natureza Chora - Não jogue lixo no mar!






Muito mais do que uma questão de educação, é uma questão de sobrevivência. Hoje a natureza chora, amanhã ela, certamente, cobrará com juros todo a falta de cuidados que o homem, vem tendo com ela. Não jogue lixo em lugar algum que não sejam as corretas lixeiras, mas principalmente não jogue lixo nos mares, o desastre ambiental é certo.

sexta-feira, 23 de novembro de 2018

Como esforços na Amazônia brasileira estão salvando tartarugas da extinção



Esforços comunitários e vigilância da população local, os ribeirinhos, contra caçadores estão permitindo que as praias fluviais da Amazônia voltem a ficar cheias de tartarugas. No caso da Podocnemis expansa, gigante e sensível espécie chamada popularmente de tartaruga-da-amazônia, os números impressionam: de 1977 para cá, a cada ano são 70 mil filhotes a mais que conseguem nascer nas áreas monitoradas às margens do Rio Juruá, um importante afluente do Amazonas. Comparado a 40 anos atrás, nove vezes mais tartarugas estão realizando a desova nas areias da região. Os dados, resultados de uma pesquisa realizada pelas universidades inglesas de East Anglia e Anglia Ruskin e das federais brasileiras de Alagoas e do Amazonas, estão publicados na edição desta terça-feira do periódico científico "Nature Sustainability". "Após declínios populacionais severos e de longo prazo causados pela superexploração histórica, as praias de nidificação de tartarugas, localmente conhecidas como tabuleiros, têm sido sistematicamente protegidas da captura de ovos e adultos por guardas informais das comunidades locais e, ao mesmo tempo, monitoradas com sucesso para a nidificação, especialmente para a Podocnemis expansa, espécie de alto valor e dependente da areia", ressaltam os pesquisadores, no artigo. Além da tartaruga-da-amazônia, resultados positivos também foram observados em espécies como a tracajá (Podocnemis unifilis) e a pitiú (Podocnemis sextuberculata). E nem só quelônios têm sido recuperados. Graças aos trabalhos de conservação, populações do jacaré-açu (Melanosuchus niger), do boto (Inia geoffrensis), da iguana verde (Iguana iguana) e de muitas aves e peixes também estão sendo beneficiadas. "Nossa pesquisa destaca o valioso serviço de conservação fornecido pelas comunidades locais não apenas para as tartarugas, mas para o ecossistema mais amplo. Reconhecer a importância desse trabalho nos mostra o potencial para ações de conservações eficazes, mesmo fora de áreas formalmente protegidas", afirma o pesquisador Joseph Hawes, da Universidade Anglia Ruskin. No caso da tartaruga-da-amazônia, a população passou a ter uma quantidade consistente de exemplares sobretudo nos últimos 15 anos. No mesmo período, de acordo com os pesquisadores, 19 praias não protegidas foram reportadas como sendo locais de declínio de espécimes de tartaruga. Quanto aos ninhos recentemente verificados pelos pesquisadores, foram encontrados 584 da tartaruga-da-amazônia nas praias protegidas e apenas 10 nas não participantes do projeto de conservação. Das outras espécies de tartarugas, foram 786 contra 161.