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terça-feira, 31 de março de 2020

O que é Pororoca?






Pororoca é um fenômeno natural caracterizado por grandes e violentas ondas que são formadas a partir do encontro das águas do mar com as águas do rio. Existem várias explicações para este fenômeno, mas a principal diz que sua causa deve-se à mudança das fases da lua, principalmente nos equinócios que aumenta a propensão da massa líquida dos oceanos proporcionando grande barulho.

Pororoca, macaréu ou mupororoca é a forma como são denominados os macaréus que ocorrem na Amazônia. Trata-se de um fenômeno natural produzido pelo encontro das correntes fluviais com as águas oceânicas. Pororoca origina-se do tupi poro'roka, que é o gerúndio do verbo poro'rog, «estrondar». O fenômeno manifesta-se, no Brasil, na foz do rio Amazonas e afluentes do litoral paraense e amapaense (rio Araguari, rio Maiacaré, rio Guamá, Rio Capim, Rio Moju) e na foz do rio Mearim, no Maranhão. Esse choque das águas derruba árvores de grande porte e modifica o leito dos rios. Recentemente, o fenômeno tem atraído praticantes de surfe, transformando-se numa atração turística regional amazônica. Em julho de 2015, foi declarado oficialmente que o fenômeno já não ocorre no rio Araguari. A ocupação irregular de áreas nativas para a criação de búfalos foi um dos principais fatores que provocaram o fim do fenômeno da pororoca na bacia desse rio do extremo leste do Amapá.
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Pororoca

segunda-feira, 9 de março de 2020

Devolvida há menos de dois anos para rios da Amazônia, peixe-boi reabilitada está grávida; gestação dura 12 meses

Fotos: Diogo Souza e acervo Ampa/Inpa


Pesquisadores constataram, pela primeira vez, gravidez em uma peixe-boi da Amazônia reintroduzida à natureza, de acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTIC). A gravidez foi confirmada com análise das amostras de sangue. A fêmea "Baré" chegou ainda filhote ao Instituto, em Manaus, onde passou 16 anos e foi solta, em 2018, na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (DRS) Piagaçu-Purus, no município de Anori, a 173 Km da capital amazonense. Segundo o Inpa, a detecção da gravidez aconteceu após captura de Baré, ocorrida em novembro, durante a vazante do rio Purus. A ação de monitoramento aconteceu 200 dias após a soltura de 12 animais reabilitados e levados de volta à natureza. A equipe fez a biometria e verificou que desde a soltura, a fêmea Baré cresceu 11 centímetros e ganhou aproximadamente 130 quilos. “Esta gravidez mostra que o animal está bem, adaptado e integrado nessa população de peixes-bois. Isso para nós é uma grande satisfação, e é mais uma etapa na garantia da conservação dos peixes-bois da Amazônia”, disse líder do Laboratório de Mamíferos Aquáticos (LMA), a pesquisadora Vera da Silva, por meio da assessoria. O filhote deve nascer até junho, período de enchente do rio Purus. Segundo pesquisadores do Inpa, a reprodução da espécie está associada ao ciclo hidrológico da Amazônia. O pico de nascimento ocorre depois que as águas sobem, quando há maior abundância de alimentos. “Conseguimos verificar a eficácia das etapas de resgate, reabilitação e soltura. Claramente o animal está adaptado à natureza, e futuramente contribuirá para o aumento da população da espécie”, coordenador do Programa de Reintrodução de Peixes-bois da Amazônia, o biólogo Diogo Souza. Há mais de 40 anos, o Inpa atua com pesquisas e ações de conservação para o peixe-boi. Em 2008, o Inpa implantou o Programa de Reintrodução de Peixe-bois da Amazônia. De acordo com o Inpa, o peixe-boi da Amazônia vive em média 60 anos e só atinge a maturidade sexual e está pronto para se reproduzir com aproximadamente seis anos de idade. A gestação da fêmea de peixe-boi da Amazônia dura aproximadamente 12 meses. Nasce um filhote por vez, com raros casos de gêmeos. O cuidado da mãe perdura por aproximadamente dois anos, com o filhote sendo amamentado neste período. A caça ilegal e captura acidental em redes de pesca são as principais ameaças ao peixe-boi da Amazônia, além de sofrer com a destruição e degradação ambiental. A caça do animal é proibida desde 1967, porém sua carne ainda é apreciada na região, o que exige um intenso trabalho de sensibilização ambiental e de fiscalização.

quinta-feira, 17 de outubro de 2019

Pirarucu desenvolveu 'armadura excepcional' para escapar de piranhas


Nas águas da Amazônia, a batalha entre o pirarucu e a piranha é cheia de superlativos: de um lado, está um dos maiores peixes de água doce e com algumas das escamas mais resistentes do mundo natural; do outro, um peixe carnívoro com uma das mordidas mais poderosas entre os animais. Onívoro, nativo da Amazônia e com comprimento que pode chegar a 3 metros, o pirarucu (Arapaima gigas) é quem precisa escapar das piranhas (pertencentes à subfamília Serrasalminae). Estas têm dentes em formatos triangulares que agem como uma guilhotina e são um dos principais predadores nos lagos sazonais, onde outros peixes ficam "presos" com a variação do nível da água. Mas, no processo evolutivo, o pirarucu armou-se, quase literalmente, com escamas altamente resistentes e flexíveis diante do impacto externo – de uma mordida, por exemplo. Pesquisadores de universidades americanas, da Califórnia San Diego (UCSD) e Califórnia Berkeley, publicaram nesta quarta-feira um artigo no periódico Matter detalhando o funcionamento desta "armadura" – em suas palavras, as escamas deste gigante da Amazônia estão entre "os mais resistentes materiais biológicos flexíveis da natureza". Eles, da área da engenharia de materiais, vêm pesquisando este escudo do pirarucu há alguns anos, objeto de estudo que inclusive já gerou outras publicações antes. Mas, desta vez, os autores do trabalho na Matter revelam os resultados de testes de resistência observados a nível microscópico nas escamas do pirarucu. No Brasil, pesquisadores também vêm destrinchando as propriedades do pirarucu, como sua pele rica em colágeno com potencial comercial (leia mais abaixo). Já na publicação da Matter, os autores destacam que a compreensão de como funciona o "escudo" do pirarucu pode levar, no futuro, à sua imitação em itens como coletes à prova de balas. Para que as escamas dos peixes deem proteção contra os predadores sem comprometer a mobilidade, elas precisam ser leves, flexíveis e resistentes - "e as escamas do pirarucu são um excelente exemplo disso", dizem os autores. As escamas do gigante amazônico são formadas por duas camadas: a mais externa, altamente mineralizada e dura; a mais interna, composta sobretudo por fibrilas de colágeno e maleável. Nesta camada, as fibrilas de colágeno estão colocadas em um padrão chamado Bouligand, uma estrutura parecida com um compensado amplamente observada na natureza. O colágeno é uma proteína produzida naturalmente por animais e funciona como uma "cola" que junta os elementos do nosso corpo, por isso é um dos componentes mais importantes do tecido conjuntivo. Sua presença pode ser sentida nas cartilagens do nariz e das orelhas, onde podemos perceber que trata-se de um material ao mesmo tempo maleável e firme. A resistência, a força e as propriedades mecânicas das escamas do pirarucu já são conhecidas, dizem os autores da publicação, mas até então, acrescentam, era pouco compreendida sua "tenacidade à fratura" – a habilidade de um material resistir antes de quebrar ou ter algum tipo de deformação sob impacto. Assim, os cientistas colocaram amostras de escamas do pirarucu em placas, as perfuraram em laboratório e capturaram imagens microscópicas do processo. Também fizeram testes de diversas maneiras, variando por exemplo a posição da lâmina cortante em relação às escamas. Eles observaram que, sob pressão, a camada mais externa, mineralizada e dura, vai rachando e depois se fragmentando; isso protege a camada seguinte, a mais repleta de colágeno. Quando chega-se a essa etapa, as fibrilas de colágeno têm mecanismos dinâmicos de deformação, como se fosse uma dança para desviar e amortecer o impacto – elas esticam, rodam, separam-se...

terça-feira, 10 de setembro de 2019

Nova espécie de peixe-elétrico descoberta na Amazônia emite 860 volts, descarga mais forte já registrada em animal




Para capturar e pesquisar espécimes do peixe-elétrico poraquê, o pesquisador brasileiro Carlos David de Santana precisou entrar em igarapés na Amazônia e, mesmo usando luvas de borracha, alguns choques foram inevitáveis. Mas valeu a pena: a pesquisa de cinco anos resultou na descoberta de duas novas espécies de peixe elétrico - uma delas que capaz de dar uma descarga de até 860 volts, a maior voltagem já registrada em um animal. Até então, o recorde era de 650 volts. Pesquisador associado do Museu Nacional de História Natural do Instituto Smithsonian, em Washington DC, nos EUA, Santana acaba de publicar a descoberta em um artigo na revista Nature Communications em conjunto com um grupo de diversos cientistas, incluindo diversos brasileiros. O poraquê é um peixe-elétrico que vive na América do Sul e pode chegar a 2,5 metros de comprimento. Há cerca de 250 tipos de peixes-elétricos, que produzem descargas fracas, usadas para navegação e comunicação. O poraquê é o único que produz descargas elétricas fortes, usadas para caça e defesa. Elas são produzidas por três órgãos elétricos no corpo. Até agora acreditava-se que existisse apenas uma espécie de poraquê: a Electrophorus electricus, descrita em 1766 pelo naturalista sueco Carl Linnaeus. Mas duas novas espécies foram descobertas, diferenciadas pela voltagem das descargas elétricas emitidas e um processo de sequenciamento de DNA. "E não só da Amazônia. A gente só conhece uma pequena porção da biodiversidade do planeta. E conhecemos menos ainda a biologia dessas espécies - animais e vegetais", diz ele. "E não podemos deixar isso ser destruído. É uma perda muito grande a longo prazo." "A pesquisa com essa biodiversidade é essencial. Muitos dos componentes dos remédios comerciais que se usam hoje são derivados de plantas e animais descobertos através de pesquisas com essas espécies. Cada uma delas é um depósito genético imenso." Embora uma das novas espécies descobertas, a Electrophorus voltai, seja capaz de produzir um descarga de 860 volts, ou seja, quase quatro vezes a voltagem de uma tomada doméstica de 220 volts, ela não é letal para o ser humano por causa da baixa amperagem, explica Santana à BBC News Brasil. "Não é suficiente para matar uma pessoa. A tomada produz uma corrente constante. O E. voltai dá uma descarga alternada. Quando ele descarrega da primeira vez, o choque dura de 1 ou 2 segundos, e ele precisa de um tempo para recarregar", diz ele, que sentiu pessoalmente mais de um choque do peixe.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019

Com festa e bolo, peixe-boi 'mais bonito da Amazônia' completa 15 anos em centro de preservação


O dia 8 de fevereiro é uma data especial para o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e para a Associação Amigos do peixe-boi (Ampa). O peixe-boi Kinjá, que foi resgatado pelo grupo e viveu sua vida toda no tanque de exposição do Bosque da Ciência, celebrou seus 15 anos nesta sexta-feira. Para a comemoração, Kinjá ganhou uma festa de aniversário feita por pesquisadores e biólogos com direito a bolo especial e rodinha de parabéns. De acordo com a pesquisadora do Inpa e e diretora administrativa da Ampa, Vera da Silva, a Associação já existe desde 1974, com o intuito de proteger, reabilitar e reintroduzir os peixes-bois na natureza. Com o tempo, os pesquisadores estudaram como os filhotes se alimentam e vivem. Desde que o projeto iniciou, cinco filhotes foram reproduzidos em cativeiro. Um deles ficou conhecido como o peixe-boi mais bonito. De todos. O motivo? Kinjá tem uma mancha branca peculiar que se estende por toda sua barriga, nadadeiras peitoral. Até no focinho. O peixe-boi mais bonito foi batizado de Kinjá. O nome significa "gente de verdade", e é como os índios Waimiri-Atroari se auto denominam. "O Kinjá tem uma vida de peixe-boi. Todo dia ele come, dorme e interage com os outros peixes-bois que ficam em cativeiro", disse Vera. Kinjá completa 15 anos em fevereiro e, em comemoração ao quase baile de debutante, os pesquisadores e biólogos que trabalham no Inpa decidiram fazer uma festa de aniversário digna para o prodígio do instituto. A comemoração teve o clássico parabéns, com direito a ornamentação, bolo para os adultos e, principalmente, um bolo pra lá de especial. A receita? Jerimum com outros de seus vegetais favoritos. "Hoje foi um ato simbólico para mostrar o trabalho da equipe durante os anos, para a conservação desta espécie. Muitas pessoas já passaram por aqui e vemos que é possível a preservação o peixe-boi", comentou a pesquisadora. Em época de aniversário, justo que as atenções fiquem para o homenageado. Por isso, Kinjá ganhou um tanque de exposição reservado só para ele, até domingo. Já livre e desfrutando do luxo, ele aproveitou para se exibir ao público que comemorava suas piruetas submersas. Turistas e visitantes que passaram pelo local, se admiraram com o peixe-boi mais bonito. Exibido, ele aproveitou para ostentar suas marcas brancas e, vez ou outra se aproximava do vidro para saudar os visitantes. Alias, quem quiser visitar o mais bonitos dos peixe-bois, a entrada fica aberta das 9h às 17h e o ingresso custa R$ 5. Crianças de até 10 anos e idosos não pagam.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2019

Ariranha (Pteronura brasiliensis)






A ariranha (Pteronura brasiliensis), também conhecida como onça-d'água, lontra-gigante e lobo-do-rio, é um mamífero mustelídeo, característico do Pantanal e da bacia do Rio Amazonas, na América do Sul. A ariranha é a maior espécie da subfamília Lutrinae (as lontras) e pode chegar a medir quase de 2 metros de comprimento, dos quais 65 centímetros compõem a cauda. Os machos são geralmente mais pesados que as fêmeas e podem pesar até 34 kg. A ariranha tem olhos relativamente grandes, orelhas pequenas e arredondadas, patas curtas e espessas e cauda comprida e achatada. Os dedos das patas estão unidos por membranas interdigitais que facilitam a natação. A pelagem é espessa, com textura aveludada e cor escura, exceto na zona da garganta onde apresentam uma mancha branca. A ariranha é claramente distinguível das demais lontras pelas características morfológicas e comportamentais. Ela é o maior membro da família Mustelidae em comprimento, sendo a lontra-marinha a maior em peso. Os machos possuem de 1,5 a 1,8 metros de comprimento e as fêmeas, de 1,5 a 1,7 metros. O peso varia de 32 a 45,3 quilogramas para machos e de 22 a 26 kg para fêmeas.
Fonte e informações completas em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Ariranha

Seis mamíferos aquáticos da Amazônia em risco de extinção são alvo de novo plano de conservação


O Ministério do Meio Ambiente aprovou, nesta segunda-feira (21), um plano nacional de conservação de mamíferos aquáticos da região amazônica ameaçados de extinção. A portaria com a decisão, publicada no Diário Oficial da União, foi assinada pelo presidente do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). O plano de conservação quer preservar, pelos próximos cinco anos, seis espécies — que são consideradas ameaçadas ou quase ameaçadas de extinção: Boto-cor-de-rosa (Inia geoffrensis) Peixe-boi-da-amazônia (Trichechus inunguis) Ariranha (Pteronura brasiliensis) Boto tucuxi (Sotalia fluviatilis) Lontra-neotropical (Lontra longicaudis) Boto-do-araguaia (Inia araguaiaensis) A portaria também estabelece que, para que o plano de conservação seja cumprido, cinco objetivos devem ser atingidos: Redução dos conflitos entre mamíferos aquáticos e atividades pesqueiras; Redução da pressão de caça sobre os mamíferos aquáticos; Promoção da integridade dos habitats críticos para os mamíferos aquáticos; Aumento do conhecimento sobre a dinâmica populacional, ecologia, interações com humanos e saúde dos mamíferos aquáticos; Promoção da educação ambiental e do engajamento da sociedade voltados à conservação de mamíferos aquáticos, influenciando políticas públicas. O ICMBio será responsável por coordenar e supervisionar o plano de conservação. A decisão do ministério considerou as metas nacionais de biodiversidade para 2020, criadas em 2013 pela Comissão Nacional de Biodiversidade (Conabio). Elas estabelecem que, até o ano que vem, “o risco de extinção de espécies ameaçadas terá sido reduzido significativamente, tendendo a zero, e sua situação de conservação, em especial daquelas sofrendo maior declínio, terá sido melhorada”. As metas atendem a requisitos da Convenção da Diversidade Biológica, tratado internacional da ONU ratificado pelo Brasil em 1994. Os principais objetivos do acordo são a conservação da diversidade biológica, o uso sustentável da biodiversidade e a divisão justa dos benefícios obtidos com o uso de material genético de valor encontrado na natureza. Desde 2003, é responsabilidade da Conabio promover a implementação dos compromissos assumidos pelo Brasil na Convenção.

sexta-feira, 23 de novembro de 2018

Como esforços na Amazônia brasileira estão salvando tartarugas da extinção



Esforços comunitários e vigilância da população local, os ribeirinhos, contra caçadores estão permitindo que as praias fluviais da Amazônia voltem a ficar cheias de tartarugas. No caso da Podocnemis expansa, gigante e sensível espécie chamada popularmente de tartaruga-da-amazônia, os números impressionam: de 1977 para cá, a cada ano são 70 mil filhotes a mais que conseguem nascer nas áreas monitoradas às margens do Rio Juruá, um importante afluente do Amazonas. Comparado a 40 anos atrás, nove vezes mais tartarugas estão realizando a desova nas areias da região. Os dados, resultados de uma pesquisa realizada pelas universidades inglesas de East Anglia e Anglia Ruskin e das federais brasileiras de Alagoas e do Amazonas, estão publicados na edição desta terça-feira do periódico científico "Nature Sustainability". "Após declínios populacionais severos e de longo prazo causados pela superexploração histórica, as praias de nidificação de tartarugas, localmente conhecidas como tabuleiros, têm sido sistematicamente protegidas da captura de ovos e adultos por guardas informais das comunidades locais e, ao mesmo tempo, monitoradas com sucesso para a nidificação, especialmente para a Podocnemis expansa, espécie de alto valor e dependente da areia", ressaltam os pesquisadores, no artigo. Além da tartaruga-da-amazônia, resultados positivos também foram observados em espécies como a tracajá (Podocnemis unifilis) e a pitiú (Podocnemis sextuberculata). E nem só quelônios têm sido recuperados. Graças aos trabalhos de conservação, populações do jacaré-açu (Melanosuchus niger), do boto (Inia geoffrensis), da iguana verde (Iguana iguana) e de muitas aves e peixes também estão sendo beneficiadas. "Nossa pesquisa destaca o valioso serviço de conservação fornecido pelas comunidades locais não apenas para as tartarugas, mas para o ecossistema mais amplo. Reconhecer a importância desse trabalho nos mostra o potencial para ações de conservações eficazes, mesmo fora de áreas formalmente protegidas", afirma o pesquisador Joseph Hawes, da Universidade Anglia Ruskin. No caso da tartaruga-da-amazônia, a população passou a ter uma quantidade consistente de exemplares sobretudo nos últimos 15 anos. No mesmo período, de acordo com os pesquisadores, 19 praias não protegidas foram reportadas como sendo locais de declínio de espécimes de tartaruga. Quanto aos ninhos recentemente verificados pelos pesquisadores, foram encontrados 584 da tartaruga-da-amazônia nas praias protegidas e apenas 10 nas não participantes do projeto de conservação. Das outras espécies de tartarugas, foram 786 contra 161.

terça-feira, 7 de agosto de 2018

Após serem quase extintas, ariranhas retornam a rios na Amazônia


Após serem quase extintas pela caça comercial, as ariranhas estão retornando a rios da Amazônia. Os últimos indícios da recuperação da espécie foram divulgados nesta semana pela revista científica Biological Conservation. Liderada pela bióloga Natália Pimenta, a pesquisa analisou sinais da presença de ariranhas na bacia do rio Içana, no noroeste do Amazonas, onde ela havia sido considerada extinta. O estudo foi feito após outras pesquisas apontarem uma tendência de recuperação da espécie - com nome científico Pteronura brasiliensis - em diferentes partes da Amazônia, como a bacia do Solimões e a região da hidrelétrica de Balbina. Maior carnívoro semiaquático da América do Sul, com até 1,80 m quando adulta, a ariranha é um dos dois tipos de lontra encontrados no Brasil e está na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação, entre as espécies consideradas ameaçadas de extinção. O estudo no Içana teve início após membros do povo baniwa alertarem sobre o retorno das ariranhas a seu território, dentro da Terra Indígena Alto Rio Negro. Presidente da Associação Indígena da Bacia do Içana, André Baniwa diz que moradores notaram os primeiros sinais da volta dos animais uns dez anos atrás, ao encontrar carcaças de peixes com mordidas de um bicho que não reconheciam. Os mais velhos deram o veredicto: a ñeewi (ariranha, em língua baniwa) estava de volta. Nos últimos anos, os sinais aumentaram - e vários moradores chegaram a topar com os mamíferos. Membros da comunidade participaram do estudo sobre o retorno dos animais, que contou com o apoio das fundações Capes, CNPq, The Rufford Foundation e Idea Wild. Baniwa conta que ariranhas não eram vistas na região desde os anos 1940. Na época, eram as espécies mais cobiçadas no movimentado mercado de peles amazônicas. Ao pesquisar o tema, a bióloga Natália Pimenta encontrou estudos que estimaram em 23 milhões os animais caçados na Amazônia Ocidental para a extração de peles entre 1904 e 1969. O couro de ariranha - animal amazônico que mais sofreu com a caça comercial, segundo a pesquisadora - costumava ser exportado para os Estados Unidos ou a Europa, onde viraria casacos, chapéus e echarpes. Em um catálogo de 1946 de uma loja de peles em Manaus, o couro de ariranha é vendido por 180 cruzeiros - acima do preço de peles de onça (150), maracajá (150) e caititu (47). Baniwa diz que os próprios membros da comunidade caçavam os animais para trocar as peles por armas e outros bens. Um bom couro de ariranha valia o equivalente a duas espingardas. A modernização das técnicas de caça acelerou o extermínio da espécie. A partir dos anos 1960, leis passaram a regulamentar o comércio de peles silvestres no país. Em 1975, o Brasil aderiu a uma convenção internacional que proibia o comércio de espécies ameaçadas - entre elas, as ariranhas. A demarcação de grandes terras indígenas na Amazônia a partir dos anos 1990 também golpeou a atividade. A demanda pelas peles diminuiu, permitindo que as ariranhas começassem a se recuperar.

sexta-feira, 4 de março de 2016

Pesquisadores descobrem nova espécie de perereca na Amazônia


Uma nova espécie de perereca foi descoberta por pesquisadores no Amapá e na Guiana Francesa. O animal tem como características membros em tons avermelhados e os olhos com pupilas douradas. O nome da espécie, Hypsiboas diabolicus, faz referência a um personagem do carnaval francês chamado "diable rouge". Um artigo foi publicado em fevereiro na revista internacional Zootaxa, divulgando características do animal. O amapaense Jucivaldo Lima é um dos pesquisadores que trabalharam na identificação do animal. Ele diz que o anfíbio foi encontrado nos municípios de Laranjal do Jari, Mazagão e Oiapoque, no Amapá, além da Guiana Francesa. "Em um dos estudos de campo, o pesquisador francês Antoine Fouquet detectou que tinha uma perereca que ele achava que era algo novo. Ele entrou em contato comigo e começamos a levantar essa hipótese", explicou o pesquisador do Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá (Iepa). O estudo iniciou em 2011 e encerrou com a publicação do artigo, em fevereiro de 2016. Segundo Lima, a partir da divulgação da descoberta da nova espécie, outras pesquisas poderão ser feitas sobre o animal. "A partir dessa divulgação, as pessoas começam a prestar mais atenção nos animais próximo de casa e quem sabe o descobrimos em novos lugares. Estamos contribuindo para aumentar a diversidade da Amazônia, divulgando informações científicas e a partir de agora podem ser feitos novos estudos para conhecer ainda mais essa espécie", disse Lima. O artigo, que descreve características como genética, descrição do girino e vocalização da espécie, teve contribuição de pesquisadores de São Paulo, Bélgica e Califórnia.

segunda-feira, 2 de junho de 2014

Pesca da piracatinga será restrita na Amazônia para evitar morte de botos


 
Uma portaria interministerial que será publicada nos próximos dias vai instituir na Amazônia, a partir de janeiro de 2015, moratória de cinco anos para a pesca da piracatinga (Calophysus macropterus), peixe conhecido como douradinha, com o objetivo de proteger a população de jacarés e botos-vermelhos (Inia geoffrensis), chamados de botos-cor-de-rosa. O anúncio foi feito este mês pelos ministérios da Pesca e Aquicultura e Meio Ambiente. Segundo especialistas, pescadores tem matado diversos botos na região e utilizado sua carne como isca para atrair cardumes de piracatinga, chamado de "urubu d'água" porque consome carne apodrecida. A prática, difundida no interior do estado, ocorre ainda em zonas próximas a Manaus, capital do Amazonas. Estima-se que o volume anual de pesca provoque a morte de 67 a 144 botos-vermelhos por ano. Essa quantidade está bem acima da taxa natural de mortalidade, estimada em 16 animais ao ano. Isso tem causado uma redução drástica na quantidade de espécimes. Estudo divulgado em 2011 mostra que, em uma década, a população de botos da Amazônia reduziu pela metade. De acordo com a Associação Amigos do Peixe-boi (Ampa), localizada no Amazonas, as características da espécie contribuem para a vulnerabilidade deste mamífero amazônico. As fêmeas têm gestação de dez meses e cuidam dos filhotes por até quatro anos, ou seja, a inserção de outro boto na natureza é demorada. Outro dado importante aponta que cada boto-vermelho, que chega a medir 2,5 metros e pesar 180 kg, pode render ao menos uma tonelada de piracatinga. Na região de Tefé, estima-se a pesca de 400 toneladas do pescado ao ano, sendo que grande parte da carga é enviada para a Colômbia. Os peixes vão também para o comércio do Amazonas, mas também são enviados para São Paulo e Nordeste. Segundo o Ministério da Pesca, a moratória vai resguardar a subsistência do pescador artesanal e, por isso, ficará autorizada a captura de até 5 quilos por dia para o consumo familiar. O governo vai estudar alternativas para a retomada da pesca da douradinha após o término da moratória.
Fonte:

segunda-feira, 14 de abril de 2014

Pesquisadores identificam novas espécies de sapo na Amazônia

 
Pesquisadores identificaram três novas espécies de sapo na amazônia brasileira. Um deles, descoberto no Pará, ganhou um nome que homenageia os nativos do estado: batizado de Chiasmocleis papachibe, o sapo faz referência aos paraenses, que também são chamados de "papa chibé" em alusão a um prato típico feito com farinha. O animal tem entre 24 e 32 milímetros, com as fêmeas pouco maiores que os machos, e é considerado de tamanho médio pelos biólogos. Além do sapo paraense, os autores relatam no mesmo estudo, publicado em março, a descoberta de outras duas espécies. Uma delas, chamada de haddadi, é encontrada no Amapá e na Guiana Francesa, enquanto a outra, royi, é localizada no leste amazônico, entre Acre e Rondônia. "O povo paraense nos acolhou de braços abertos em Belém desde o primeiro dia em que pisamos aqui", explica o pesquisador Pedro Peloso, pesquisador do Museu Americano de História Natural, em Nova Iorque. "Achamos legal dar este presente para o povo do estado", justifica o cientista. Segundo a equipe que estuda o animal, ainda se conhece pouco sobre o novo sapo. "A espécie é conhecida por somente três exemplares adultos, proveninetes de duas localidades, e não conhecemos nada sobre a biologia deste animal", pontua Marcelo Sturaro, do Museu Paraense Emílio Goeldi. "É importante que novos estudos sejam conduzidos para buscar essa espécie em outras localidades, e também para entender sobre a sua capacidade de sobrevivência em ambientes alterados, visto que ela parece estar restrita ao leste do Pará, uma área onde existe uma forte fragmentação dos ambientes naturais", avalia Peloso.

quinta-feira, 13 de março de 2014

Tartaruga da Amazônia corre risco de desaparecer em rio do Amapá



 
Um levantamento do Instituto de Meio Ambiente (Ibama) no Amapá constatou que a espécie tartaruga da Amazônia (Podocnemis expansa) pode desaparecer do Rio Cassiporé, em Oiapoque, a 590 quilômetros de Macapá. O estudo, realizado em 2013, catalogou apenas cinco pares (macho e fêmea) de tartarugas. O número está muito abaixo do ideal para a sobrevivência estável do ciclo da cadeia reprodutiva, que seria de 200 pares do animal. O levantamento faz parte do programa "Quelônios da Amazônia", que visa promover em nove estados brasileiros a preservação de 18 espécies de quelônios. No Amapá, o projeto protege dez espécies desses animais. Um levantamento do Instituto de Meio Ambiente (Ibama) no Amapá constatou que a espécie tartaruga da Amazônia (Podocnemis expansa) pode desaparecer do Rio Cassiporé, em Oiapoque, a 590 quilômetros de Macapá. O estudo, realizado em 2013, catalogou apenas cinco pares (macho e fêmea) de tartarugas. O número está muito abaixo do ideal para a sobrevivência estável do ciclo da cadeia reprodutiva, que seria de 200 pares do animal. Para fomentar a reprodução da espécie em rios do Amapá, o Ibama estendeu o 'Quelônios da Amazônia' até a região do município de Oiapoque. A metodologia de preservação das espécies é baseada no uso de mecanismos considerados sustentáveis, como é o caso da transferência dos ovos depositados nas covas às margens dos rios para lugares mais altos, método chamado de 'translocação'. A transferência dos ovos tem o objetivo de proteger os ninhos de fatores ambientais e predatórios, como a incidência de inimigos naturais, principalmente de raposas e gaviões. Na Amazônia, a desova das tartarugas acontece entre os meses de agosto a dezembro. No entanto para obter resultados no Rio Cassiporé, de acordo com o analista ambiental, seria necessário um longo período. Em Afuá, por exemplo, uma das áreas abrangidas pelo Ibama no Amapá, demorou 20 anos para conseguir estabilizar a cadeia da tartaruga da Amazônia. Nesse período, houve um aumento de 40 para mais de 1 mil pares da espécie. No caso do Amapá, o tempo seria maior. A demora é decorrência do índice de sobrevivência dos animais. Somente cerca de 10% da espécie consegue chegar à fase adulta, quando elas podem alcançar mais de 80 centímetros de comprimento e 60 quilos de peso. "Partindo de cinco pares vamos precisar de algo em torno de 30 anos para chegarmos a 200 pares. Para isso, precisamos envolver o município, que também é responsável pela conservação do meio ambiente", mensurou Rubens Portal. Nas demais áreas protegidas pelo programa 'Quelônios da Amazônia' no Amapá, segundo o Ibama, foram soltos mais de 1 milhão de quelônios entre 1979 e 2012. O número é o menor entre os estados abrangidos pela iniciativa. O maior saldo é do Pará, com 23 milhões de filhotes soltos em água doce durante o mesmo período. A maior incidência de soltura realizada pelo Ibama do Amapá aconteceu na região do estado do Pará, no município de Afuá, com 600 mil tartarugas. Pracuúba a segunda maior soltura no período: 400 mil. "Em 2013, soltamos mais 105 mil filhotes, sendo 104 de tartarugas da Amazônia e mais 1 mil de tracajás", frisou o analista do Ibama Rubens Portal. A soltura acontece com conjunto com as populações que vivem às margens dos rios, chamadas de ribeirinhas. Essas comunidades são diretamente afetadas pelo fato de os animais incubados serem incorporados aos estoques naturais pré-existentes. "No fim do ciclo de incubação, 90% soltamos com a equipe de especialistas, e 10% com a população como se fosse uma espécie de prestação de contas com a comunidade ribeirinha da região onde o projeto é desenvolvido", concluiu o analista.

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Peixe elétrico da Amazônia inspira criação de robôs subaquáticos

 
Cientistas de uma universidade americana criaram um robô subaquático a partir da análise de características de um peixe elétrico da Bacia Amazônica. O ituí-cavalo (Apteronotus albifrons) é um peixe de hábitos noturnos que vive na região amazônica. Ele é cego, mas consegue emitir uma leve corrente elétrica na água para determinar como é o ambiente onde está. Estes peixes possuem receptores distribuídos pelo corpo, que permitem 'sentir' o ambiente a partir da corrente elétrica emitida. Os pesquisadores da Universidade Northwestern acreditam que essas características podem ajudar no desenvolvimento de uma nova geração de robôs autônomos que operam debaixo d'água. A partir do ituí-cavalo, os pesquisadores criaram robôs que conseguiram se mover em meio a destroços e na escuridão total. Eles seriam úteis em casos de navios naufragados ou em vazamentos de petróleo, por exemplo."Hoje não temos robôs subaquáticos que funcionem bem em meio a obstruções ou em condições onde a visão não é muito útil", disse Malcolm MacIver, um dos líderes da pesquisa. "Pense em um navio de cruzeiro afundado. É muito perigoso mandar mergulhadores para estas situações, onde a água pode ser muito turva." MacIver mostrou o resultado de sua pesquisa na reunião anual da Associação Americana para o Progresso da Ciência (AAAS, na sigla em inglês), em Chicago.

sábado, 31 de agosto de 2013

Descobertas duas novas espécies de peixe elétrico na Amazônia

 
Cientistas brasileiros e americanos descobriram duas novas espécies de peixes elétricos na região central da Amazônia. A descrição de ambas foi publicada na quarta-feira (28) pela publicação científica "Zookeys". Os animais, do gênero Brachyhypopomus, ocorrem em geral sob a vegetação flutuante nas águas da porção central da bacia Amazônica, principalmente ao longo das margens do rio Solimões e de afluentes, diz a pesquisa. Eles foram batizados com os nomes científicos de Brachyhypopomus walteri e Brachyhypopomus bennetti, diz o estudo. Os peixes são classificados como "eletricamente fracos" e não representam riscos em comparação com um "parente", o chamado peixe poraquê (Electrophorus electricus), que chega a ter três metros de comprimento e realiza fortes descargas elétricas para defender-se ou capturar presas, aponta a pesquisa. Os animais recém-descobertos possivelmente utilizam descargas elétricas como forma de ajudar em sua movimentação noturna e na comunicação com outros espécimes, sugere o estudo.

domingo, 14 de julho de 2013

Borboletas disputam para beber lágrimas de tartaruga na Amazônia


Um fotógrafo que realiza passeios fotográficos com turistas de uma pousada na Amazônia peruana registrou uma cena impressionante durante uma caminhada recente. Jeff Cremer levava um pequeno grupo pela mata quando eles avistaram tartarugas da espécie tracajá envoltas por diversas borboletas, que disputavam espaço para beber as lágrimas dos répteis. O biólogo Phil Torres, que trabalha com Jeff nos passeios promovidos pela Pousada Amazonas, foi quem avistou a cena incomum e chamou atenção do grupo. Segundo a dupla, é comum na região ver uma ou duas borboletas "beijando" os olhos dessa espécie de tartaruga em busca de uma fonte de sal, o que ajudaria na reprodução das borboletas. "É algo que eu já queria fotografar há algum tempo, não é tão comum em outras áreas dos trópicos. Este lado da Amazônia, estando tão distante do Atlântico, tem poucas fontes de sal. Então, comportamentos estranhos podem surgir para compensar - incluindo beber lágrimas de tartarugas", diz o fotógrafo de natureza Jeff Cremer. "Estamos acostumados a ver uma ou duas borboletas em uma tartaruga, o que pode render uma boa foto, mas estas tartarugas estavam realmente sufocadas por borboletas", completa.