quinta-feira, 3 de outubro de 2019

Filhotes de lobo-marinho encontram abrigo em ilha vulcânica no Alaska




A população de lobos-marinhos do norte do Alasca, nos Estados Unidos, há três décadas foi classificada como potencialmente extinta. No entanto, os mamíferos estão voltando a aparecer, em número cada vez maior, em um local improvável: uma pequena ilha na ponta de um vulcão submarino ativo. Os ventos na ilha de Bogoslof continuam a soprar lama, vapor e gases sulfurosos até hoje, dois anos depois de uma erupção mandar nuvens de cinzas para o caminho dos aviões que passam pelo Mar de Bering. Apesar disso, as mães dos lobos-marinhos parecem achar as praias rochosas da remota ilha perfeitas para dar à luz e criar filhotes. "O crescimento populacional de lobos-marinhos em Bogoslof tem sido extraordinário", disse Tom Gelatt, líder do grupo NOAA Fisheries, que estuda focas do norte. Cientistas federais visitaram a ilha em agosto. Em termos geográficos a ilha não é um lugar particularmente incomum para as focas. A maioria das cerca de 1,1 milhão de lobos-marinhos do mundo se reproduz na região a leste do Mar de Bering. Os animais vivem no oceano de novembro a junho e seguem para a terra no verão para procriar e amamentar os filhotes. Mas ainda não está claro por que os animais escolheram a instável Bogoslof em detrimento de dezenas de outras ilhas desabitadas da região. "A superfície é coberta por esses grandes blocos balísticos, alguns com até 10 metros de comprimento, que foram expelidos pelo vulcão", disse Chris Waythomas, geofísico pesquisador do Geological Survey dos EUA no Alaska Volcano Observatory. “Eles cobrem toda a superfície. É bem selvagem." A população de lobos-marinhos do Mar de Bering, no leste, é de cerca de 635.000 animais, e seu principal local de reprodução é a ilha de St. Paul, 390 km a noroeste de Bogoslof. A população da Califórnia, distribuída nas ilhas San Miguel, Channel e Farallon, é estimada em cerca de 14.000 animais. Outros lobos-marinhos vivem nas águas russas, embora não esteja claro quantos. As focas foram vistas pela primeira vez em Bogoslof em 1980 e, desde então, os pesquisadores da NOAA realizam verificações periódicas na população. Em 2015, os biólogos estimaram uma taxa de crescimento anual de pouco mais de 10% para aproximadamente 28.000 filhotes na ilha. A estimativa para 2019 provavelmente será de mais de 36.000 filhotes, disse Gelatt. Aumento na quantidade de alimentos nas águas profundas perto da ilha podem ser um fator contribuinte. Os animais ficam nas praias, mas na pequena Bogoslof, que tem cerca de um terço do tamanho do Central Park de Nova York, nunca estão longe dos sinais de atividade vulcânica. O centro da ilha suporta um campo com aberturas através das quais emergem gases quentes. Alguns fazem barulho "como motores a jato" e jorram gêiseres de lama com vários metros de altura, disse Waythomas. Ele visitou a ilha nos dois últimos verões. "Eram incríveis os sons que estavam sendo produzidos", disse ele.

terça-feira, 24 de setembro de 2019

Tartaruga viva encalha na praia da Jatiúca, em Maceió, e é resgatada



Uma tartaruga viva foi encontrada encalhada na manhã desta segunda-feira (23), na praia da Jatiúca, em Maceió. Segundo informações do Instituto Biota, que foi acionado para resgatar o animal, ela é da espécie Chelonia mydas, popularmente conhecida como tartaruga-verde, e está cheia de manchas. “As manchas são tumores, causados por um vírus associado a ambientes poluídos”, explica Bruno Stefanis, biólogo da instituição. O animal será encaminhado para receber cuidados no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama). No sábado, uma tartaruga morta foi encontrada na praia de Jacarecica em estado avançado de decomposição. O animal, da mesma espécie, estava preso a uma armadilha de pesca e com um alimento na boca.

quarta-feira, 18 de setembro de 2019

DNA preservado em museu ajuda a identificar maior anfíbio do mundo


Um anfíbio recém-identificado é possivelmente o maior do planeta. Pesquisadores chegaram a essa conclusão com o auxílio do DNA coletado em um espécime que está preservado em um museu. Atingindo quase dois metros de comprimento, a salamandra gigante do sul da China está criticamente ameaçada na natureza. Os cientistas dizem que são necessários novos esforços de conservação para salvar o animal da extinção. Isso ocorre porque a caçada para abastecer o comércio de alimentos de luxo levou a uma queda extrema nos números do animal em toda a China. Antes considerada uma única espécie, os cientistas identificaram após uma análise de DNA de outros indivíduos - vivos e mortos - que existem de fato três espécies encontradas em diferentes partes da China. A salamandra do sul da China é a maior das três. Os pesquisadores acreditam que ela seja o maior anfíbio vivo atualmente. Mas o professor Samuel Turvey, da ZSL (Sociedade Zoológica de Londres, na sigla em inglês), disse que a queda no número de indivíduos dessa espécie na natureza foi "catastrófica". "Esperamos que esse novo entendimento da diversidade de espécies chegue a tempo de apoiar a conservação de maneira bem-sucedida, mas medidas urgentes são necessárias para proteger quaisquer populações viáveis ​​de salamandras gigantes que ainda possam existir", afirmou ele. A pesquisadora Melissa Marr, do Museu de História Natural de Londres, que participou do estudo, disse que medidas devem ser tomadas para preservar a integridade genética de cada espécie. "Essas descobertas ocorrem em um momento em que são necessárias intervenções urgentes para salvar salamandras gigantes chinesas na natureza", disse ela. Salamandras gigantes já foram encontradas em uma grande área do centro, leste e sul da China. Mas a exploração excessiva desses animais aumentou nas últimas décadas para abastecer um mercado doméstico de alimentos de luxo. Os cientistas usaram espécimes de museus para examinar a história genética da salamandra gigante chinesa, que tem uma árvore genealógica tão antiga que o animal é considerado um "fóssil vivo". A idéia de que a salamandra gigante do sul da China era uma espécie diferente foi levantada pela primeira vez na década de 1920 e depois abandonada, com base em um animal incomum que foi mantido no zoológico de Londres. A equipe usou o mesmo animal, que agora é preservado no Museu de História Natural, para definir as características das novas espécies. A pesquisa está publicada na revista Ecology and Evolution.

terça-feira, 10 de setembro de 2019

Nova espécie de peixe-elétrico descoberta na Amazônia emite 860 volts, descarga mais forte já registrada em animal




Para capturar e pesquisar espécimes do peixe-elétrico poraquê, o pesquisador brasileiro Carlos David de Santana precisou entrar em igarapés na Amazônia e, mesmo usando luvas de borracha, alguns choques foram inevitáveis. Mas valeu a pena: a pesquisa de cinco anos resultou na descoberta de duas novas espécies de peixe elétrico - uma delas que capaz de dar uma descarga de até 860 volts, a maior voltagem já registrada em um animal. Até então, o recorde era de 650 volts. Pesquisador associado do Museu Nacional de História Natural do Instituto Smithsonian, em Washington DC, nos EUA, Santana acaba de publicar a descoberta em um artigo na revista Nature Communications em conjunto com um grupo de diversos cientistas, incluindo diversos brasileiros. O poraquê é um peixe-elétrico que vive na América do Sul e pode chegar a 2,5 metros de comprimento. Há cerca de 250 tipos de peixes-elétricos, que produzem descargas fracas, usadas para navegação e comunicação. O poraquê é o único que produz descargas elétricas fortes, usadas para caça e defesa. Elas são produzidas por três órgãos elétricos no corpo. Até agora acreditava-se que existisse apenas uma espécie de poraquê: a Electrophorus electricus, descrita em 1766 pelo naturalista sueco Carl Linnaeus. Mas duas novas espécies foram descobertas, diferenciadas pela voltagem das descargas elétricas emitidas e um processo de sequenciamento de DNA. "E não só da Amazônia. A gente só conhece uma pequena porção da biodiversidade do planeta. E conhecemos menos ainda a biologia dessas espécies - animais e vegetais", diz ele. "E não podemos deixar isso ser destruído. É uma perda muito grande a longo prazo." "A pesquisa com essa biodiversidade é essencial. Muitos dos componentes dos remédios comerciais que se usam hoje são derivados de plantas e animais descobertos através de pesquisas com essas espécies. Cada uma delas é um depósito genético imenso." Embora uma das novas espécies descobertas, a Electrophorus voltai, seja capaz de produzir um descarga de 860 volts, ou seja, quase quatro vezes a voltagem de uma tomada doméstica de 220 volts, ela não é letal para o ser humano por causa da baixa amperagem, explica Santana à BBC News Brasil. "Não é suficiente para matar uma pessoa. A tomada produz uma corrente constante. O E. voltai dá uma descarga alternada. Quando ele descarrega da primeira vez, o choque dura de 1 ou 2 segundos, e ele precisa de um tempo para recarregar", diz ele, que sentiu pessoalmente mais de um choque do peixe.