sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

Peixe se reproduz sem sexo e desafia teoria de extinção da espécie


A teoria da evolução sugere que as espécies que se reproduzem de forma assexuada tendem a desaparecer rapidamente, uma vez que seu genoma acumula mutações mortais ao longo do tempo. Mas um estudo sobre um peixe lançou dúvidas sobre a velocidade desse declínio. Apesar de milhares de anos de reprodução assexuada, o genoma da molinésia-amazona (amazon molly, em inglês), que vive no México e no sul dos Estados Unidos, é notavelmente estável e a espécie sobreviveu. Os detalhes do trabalho foram publicados na revista Nature Ecology and Evolution. Há dois caminhos fundamentais pelos quais espécies se reproduzem - a forma sexuada e a assexuada. A reprodução sexuada depende de células especiais reprodutivas masculinas e femininas, como os óvulos e os espermatozoides, juntando-se durante o processo de fertilização. Cada célula sexual contém metade do número de cromossomos das células parentais normais. Depois da fertilização, quando o óvulo e o espermatozóide se fundem, o número normal do cromossomo celular é reintegrado. A reprodução assexuada é diferente. Em vez de criar uma nova geração misturando medidas iguais de DNA das mães e dos pais, a reprodução assexuada dispensa o macho e, em vez disso, cria novos descendentes contendo uma cópia exata do genoma da mãe - uma clonagem materna natural. Essa é uma maneira incrivelmente eficiente de criar uma nova vida. Ao não desperdiçar material genético na criação de machos, todos os descendentes nascidos a partir da reprodução assexuada podem continuar se reproduzindo. Mas há um ponto negativo. Como os descendentes são fac-símiles genéticos da mãe, eles apresentam uma variabilidade limitada. E a variabilidade genética pode proporcionar uma grande vantagem. É justamente o que permite que as populações respondam e superem as mudanças no meio ambiente e outras pressões seletivas, ao permitir a sobrevivência dos mais adaptados. A reprodução sexuada proporciona um grande espaço para gerar essa variabilidade genética, quando os pedaços de cromossomos individuais se recombinam assim que os óvulos e os espermatozoides se fundem e formam combinações únicas de cromossomos. Outra vantagem da reprodução sexuada é que as mutações nocivas, que se acumulam naturalmente ao longo do tempo, são diluídas e seus efeitos anulados durante essa mistura genética. Já os organismos que dependem da reprodução assexuada são propensos a perder essas vantagens. O professor Manfred Schartl, da Universidade de Würzburg, é um dos principais autores do estudo e diz: "As previsões teóricas eram que uma espécie assexuada passaria por decomposição genômica e acumularia muitas mutações ruins e, sendo clonada, não seria possível depender da diversidade genética para reagir a novos parasitas ou outras mudanças no meio ambiente."

Foca resgatada com frisbee entalado no pescoço é devolvida ao mar na Inglaterra


Uma foca que apareceu numa praia britânica com um frisbee preso em seu pescoço foi devolvida ao mar após meses de reabilitação. A foca cinzenta, que ganhou o apelido de Mrs. Frisbee, foi achada em setembro na praia de Horsey, em Norfolk, Inglaterra, com um disco plástico no seu pescoço, causando ferimentos em sua pele. Uma entidade de apoio às focas resgatou o animal e a levou ao Centro de Vida Selvagem East Winch, da sociedade protetora dos animais. A foca estava em estado grave e sua sobrevivência era incerta, mas ela conseguiu melhorar e sobreviver, passando de 66 kg para 179 kg.

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

A criativa solução da Noruega para acabar com o lixo plástico nos oceanos


A Noruega tem o que especialistas consideram o melhor sistema de reciclagem de garrafas plásticas do mundo. Ali, quase 600 milhões de garrafas foram recicladas em 2016 - uma taxa de reciclagem de 97%. No Brasil, para efeitos de comparação, a proporção é de 50%. No país europeu, funciona assim: lojas instalam máquinas que recompensam clientes que devolvem garrafas plásticas. "Quando você compra uma garrafa de refrigerante... você paga uma coroa norueguesa a mais e, quando a colocamos na máquina, recuperamos o dinheiro", diz uma cliente. O esquema reduz a necessidade de se produzir mais plástico. "Uma garrafa pode ser reciclada mais de uma vez. Na verdade, 12 vezes. Separamos as transparentes das coloridas. As transparentes são usadas para criar novas garrafas", diz Kjell Clav Maldum, diretor da Infinitum, de reciclagem de embalagens plásticas. "As coloridas são usadas para produzir outros materiais plásticos", completa ele. Mas quem paga por isso? As fabricantes de bebidas. É voluntário, mas quem adere ao sistema paga menos imposto.

O 'lagostim de mármore', espécie mutante que clona a si próprio e se espalha pelo mundo


Depois de sequenciar o DNA da espécie Procambarus virginalis, popularmente conhecida como 'lagostim de mármore', uma equipe de pesquisadores de vários países concluiu que todos os indivíduos existentes hoje são descendentes de uma única fêmea criada em cativeiro. Esta fêmea passou por uma mutação e começou a se reproduzir de forma assexuada, clonando a si própria. Um estudo sobre o caso foi publicado nesta semana na revista científica Nature Ecology and Evolution. Os clones, todos do gênero feminino, estão há três décadas produzindo filhas de si próprias e se expandindo pelo mundo. Frank Lyko é biólogo molecular do Centro Alemão de Investigação em Câncer e um dos co-autores do estudo. Ele chamou o fenômeno, em um blog do site da revista Nature, de "invasão dos clones". E não é para menos. Hoje em dia, o 'lagostim de mármore' é considerado uma espécie super-invasora, presente em várias zonas da Europa, África e Ásia, ameaçando ecossistemas lá presentes. "A origem do fenômeno, por enquanto, é desconhecida", escreveu Lyko. O biólogo também foi o responsável por descrever a espécie em 2015. Foi ele que escolheu o nome Procambarus virginalis, que em latim significa "lagostim ou caranguejo virgem". A primeira vez que Lyko viu um exemplar da espécie foi em 2015, quando um criador lhe mostrou alguns animais que tinha comprado em uma feira de aquarismo na Alemanha. Os então chamados "lagostins do Texas", escreveu Lyko no blog, "se propagaram rapidamente no aquário. Eram grandes e esteticamente agradáveis, o que os tornou populares entre os aquaristas". Logo descobriu-se que um único indivíduo podia produzir centenas de ovos de uma vez. Poucos anos depois, o Procambarus virginalis já estava disponível em lojas de aquarismo em várias partes do mundo, e começaram a aparecer registros de populações selvagens, provavelmente graças à liberação por humanos. Por enquanto, o que se sabe é que o primeiro indivíduo foi uma fêmea de cativeiro. Mas não está claro se ela viveu na Alemanha. Pode, inclusive, ter vindo dos Estados Unidos. É que os 'lagostins de mármore' são descendentes de animais de rio (Procambarus fallax), uma espécie endêmica do Estado da Flórida, nos EUA. Mas essa espécie se reproduz de forma sexuada (com macho e fêmea). O que é certo é que, de alguma forma, uma fêmea de aquário sofreu uma mutação que a levou a ter três pares de cromossomos em vez de dois, como é o usual. Em vez de apresentar má formações que a impedissem de sobreviver, esta fêmea desenvolveu a capacidade de produzir ovos, que se converteram em embriões e depois em lagostins fêmeas com os mesmos três pares de embriões. Todas elas eram um clone da mãe, nascidas através de um processo conhecido como partenogênese.