quinta-feira, 27 de junho de 2019

Dourado, o peixe que virou símbolo da conservação da biodiversidade no Pantanal





O Pantanal abriga pelo menos 300 espécies conhecidas de peixes em seu vasto Rio Paraguai e em centenas de quilômetros de afluentes, mas só uma carrega título de realeza: o dourado (Salminus brasiliensis). Conhecido como "rei do rio" por seu comportamento de predador, por seus saltos para fora d'água e por travar embates com a vara do pescador que podem durar horas, ele ganhou, neste ano, uma proteção diferenciada dos demais: seu abate está proibido em todo o território de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Isso quer dizer que os pescadores podem fisgar o peixe, mas não matá-lo. Se alguém soltar a linha no rio e um dourado morder a isca, a orientação é não provocar ferimentos e devolvê-lo à natureza o quanto antes (assista, no vídeo acima, a uma das 'histórias de pescador' que o G1 ouviu no Desafio Natureza). Não existiam evidências científicas concretas quando, em 2009, Cáceres (MT) se tornou o primeiro município a proteger o dourado em seus rios – permitindo que os pescadores apenas retirassem o peixe do anzol e o devolvessem à natureza. Mas também não faltavam impressões empíricas, segundo os moradores locais, de que o tamanho dos dourados capturados eram cada vez menores. A sabedoria popular tem levado a melhor desde então: em 2012, o estado de Mato Grosso seguiu os passos de Cáceres; no ano seguinte, foi a vez do município de Corumbá (MS). Em janeiro de 2019, o abate do chamado "rei do rio" se tornou proibida em todo o território de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Foi assim que o dourado se tornou o símbolo das políticas de conservação da biodiversidade na região. Ao contrário da cota zero, que foi recebida com críticas por diversos setores em Mato Grosso do Sul, a proibição da pesca do dourado é bem-vinda no estado. "A gente até é a favor da proibição, porque é um peixei muito bonito, é brigador", elogia Carlos Eduardo Murad de Goes, conhecido na região de Miranda (MS) como Alemão. Ali, a presença do peixe é sazonal, segundo ele, porque as águas do Rio Miranda são barrentas, e o dourado prefere águas limpas, onde ele pode caçar peixes menores para comer, além de ter hábitos diurnos. "É um predador visualmente orientado, que tem uma forma específica de capturar", explica Agostinho Catella, pesquisador da Embrapa Pantanal, em Corumbá (MS). Para acompanhar esses hábitos, muitos pescadores usam uma isca artificial, que imita um desses peixes, para tentar enganar o "rei do rio". Se em Miranda a espécie costuma dar as caras entre julho e setembro, a 300 km no sentido da Bolívia a aparição do dourado costuma se concentrar entre março e maio, explica o empresário de turismo. "Estava tendo só a maioria de dourado pequena, então realmente acho que essa medida foi muito boa", diz Alemão.
Fotos: Edemir Rodrigues e Andréia Gelain Cargnin

segunda-feira, 24 de junho de 2019

Tartaruga ganha prótese feita de Lego após perder patas traseiras


Pedro, a tartaruga, foi adotado por uma família sem ter uma das patas de trás. Depois de um tempo, ele fugiu e voltou sem a outra. Ficou meses perdido. Foi então que a dona, Sandra Taylor, resolveu levá-lo até a faculdade de medicina veterinária da Universidade do Estado da Luisiana: ele recebeu uma prótese veicular feita com Lego. A tartaruga macho estava com a saúde em dia, de acordo com os médicos. Só precisa de uma ajuda para se locomover. "A ferida já tinha cicatrizado bem e ele conseguiu voltar pra casa só com as patas da frente. Sem as patas traseiras, ele fica com menos mobilidade. Como Pedro é uma tartaruga-de-caixa, ele ainda pode se esconder dentro do casco e se proteger, mas os donos teriam que deixar ele sempre dentro de casa", disse Kelly Rockwell, estudante da Universidade do Estado da Luisiana. O grupo de estudo da universidade usou um kit veicular de Lego. Ele foi adaptado e usaram resina epóxi para anexar ao casco - o mesmo material usado em ferraduras. Os médicos também usaram seringas para criar os eixos, com pequenos cortes para ajustar. "A faculdade de veterinária pode ser difícil às vezes, mas sentar no chão com meus colegas e ver os professores felizes por Pedro poder 'rolar' pela primeira vez, foi um momento de pura alegria", disse a veterinária Sarah Mercer. De acordo com a universidade, os donos da tartaruga ficaram entusiasmados com o resultado.

quinta-feira, 13 de junho de 2019

Imagens aéreas mostram show dado por baleias jubarte nas águas do litoral do RJ


Seis baleias da espécie jubarte foram flagradas na manhã desta quinta-feira (13) nas águas cristalinas de Arraial do Cabo, na Região dos Lagos do Rio. As imagens dos mamíferos marinhos foram registradas por volta das 9h15 em uma área próxima da Ponta da Cabeça, na Praia Grande. Ao G1, Marcelo também disse que conseguiu fazer o registro depois que um amigo pessoal entrou em contato com ele para avisá-lo da presença das baleias nas águas geladas da Praia Grande. De acordo com o biólogo Vinícius Santos, cenas como as do vídeo acima serão comuns entre junho e julho, temporada na qual as baleias da espécie jubarte fazem a imigração da Antártida até a Bahia para acasalarem e se reproduzir.

Pesquisa estima que 17% dos animais marinhos podem desaparecer até 2100


Cerca de 17% dos animais marinhos (peixes, invertebrados, mamíferos) poderão desaparecer até 2100, se as emissões de CO2 seguirem o ritmo atual - adverte uma avaliação internacional inédita publicada na terça-feira (11) na revista americana PNAS. A perda, que já começou, considera apenas os efeitos do clima, sem incluir outros fatores como a pesca predatória e a poluição, e teria grande impacto na biodiversidade e na segurança alimentar. Agrupados no consórcio "FishMIP" (Fisheries and Marine Ecosystem Model Intercomparison Project), 35 pesquisadores de quatro continentes fizeram uma avaliação global dos efeitos do aquecimento global nos recursos pesqueiros. Se o mundo conseguir manter o aquecimento abaixo de 2°C, a queda pode ser limitar a 5%, acrescenta o estudo. "Seja qual for a hipótese das emissões, a biomassa global dos animais marinhos vai cair, devido ao aumento da temperatura e ao retrocesso da produção primária", diz a pesquisa. Para cada grau de aquecimento acumulado, o oceano perderá cerca de 5% adicional de biomassa animal. Em 2015, em Paris, vários países se comprometeram a manter a temperatura abaixo de 2°C, em relação à era pré-industrial. Em 2018, porém, as emissões e concentrações de gases causadores do efeito estufa alcançaram um novo recorde mundial, antecipando um cenário futuro de +4°C. Segundo o estudo, o impacto na fauna marinha será maior nas zonas temperadas e tropicais, onde os homens dependem mais desses recursos, já muito debilitados. Em muitas regiões polares, contudo, a biomassa marinha poderá aumentar, especialmente na Antártica, onde haveria "até novas oportunidades de exploração", dizem os cientistas. "O futuro dos ecossistemas marinhos dependerá em grande parte da mudança climática", resume Yunne-Jai Shin, biólogo do Instituto de Pesquisa para o Desenvolvimento (IRD). "Por isso, as medidas de preservação da biodiversidade e de gestão da pesca têm que ser reconsideradas", frisou.