O molusco Pinna nobilis, um dos maiores do mundo, está ameaçado. A espécie é vítima de um parasita identificado há três anos na costa espanhola. O crescimento dessa "praga aquática" é favorecido pelas mudanças climáticas.
O desastre não é visível na superfície do Mediterrâneo. Mas, nas profundezas, há um campo de moluscos vazios amontoados, meio cravados na areia. Quando morre, o Pinna nobilis escurece, perde a carne e seus pequenos anfitriões naturais, como camarões e pequenos caranguejos.
Lidwine Courard, membro da associação "NaturDive" em Cannes, no sul da França, compartilha da mesma preocupação de Olivier: "As primeiras mortes aqui, na costa Azul, datam de outubro [...] Há quem diga que talvez seja o início da extinção de outras espécies".
O Pinna nobilis é considerado um indicador da qualidade do litoral mediterrâneo. A concha registra, durante o crescimento, todos os parâmetros físicos e químicos do entorno.
"A situação é profundamente alarmante", disse María del Mar Otero, especialista do Centro de Cooperação para o Mediterrâneo da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN).
María atualiza periodicamente um mapa sobre a espécie desde o início da crise. Ele está repleto de pontos vermelhos que correspondem às altas taxas de mortalidade, superiores a 85%. A costa espanhola do Mediterrâneo está muito afetada, assim como as ilhas Baleares, o sul do Chipre, uma parte da costa turca, a Sicília e a Grécia.
Ainda não se sabe como o minúsculo protozoário que ataca o Pinna nobilis chegou, nem como ele é transmitido. Uma das hipóteses é que tenha chegado ao Mediterrâneo com o lastro dos navios de comércio.
Para o biólogo marinho Nardo Vicente, do Instituto de Oceanografia Paul Ricard, o mais provável é que a causa sejam as mudanças climáticas.
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