Uma rã no sul da Índia expele um muco da sua pele que pode um dia ajudar as pessoas a combater certos tipos de vírus da gripe, disseram pesquisadores na terça-feira (18).
O nome científico dessa rã, colorida e do tamanho de uma bola de tênis, é Hydrophylax bahuvistara, segundo o artigo publicado na revista científica "Immunity".
"Rãs diferentes produzem peptídeos (cadeias de aminoácidos) diferentes, dependendo de onde é seu hábitat", disse o especialista em gripe e coautor do estudo Joshy Jacob, da Universidade Emory, ressaltando que os humanos também produzem proteínas que agem como defensoras do organismo.
"É um mediador imune natural inato presente em todos os organismos vivos. Acabamos de encontrar um produzido pelo sapo que por acaso é eficaz contra o tipo de gripe H1", acrescentou.
Os pesquisadores deram pequenos choques elétricos nas rãs para estimular a secreção dos seus peptídeos de defesa, que parecem combater a cepa H1 do vírus da gripe, e coletaram a substância.
O peptídeo antiviral foi batizado de "urumin", em referência a uma espada parecida com um chicote usada no sul da Índia há séculos, disse o estudo.
O urumin não é tóxico para mamíferos, mas "parece perturbar a integridade do vírus da gripe, como visto através de microscopia eletrônica", apontou.
Quando os pesquisadores espremeram um pouco de urumin nos narizes de ratos de laboratório, o peptídeo os protegeu contra o que teria sido uma dose letal do vírus da gripe H1, o tipo responsável pela pandemia de gripe suína de 2009.
Mais pesquisas são necessárias para determinar se o urumin pode se tornar um tratamento preventivo contra a gripe em humanos, e para analisar se outros peptídeos derivados de rãs podem proteger contra vírus como o da dengue e o da zika.
No mar profundo, nas profundezas dos oceanos, rios e lagos, peixes, crustáceos, corais, moluscos, mamíferos, peixes abissais, em um mundo ainda bastante desconhecido.
quinta-feira, 20 de abril de 2017
Câmera grudada no dorso revela olhar de 'baleia cinegrafista' na Antártida
Você provavelmente nunca viu a Antártida desta forma: pelos olhos de uma baleia.
Câmeras foram presas ao dorso de animais das espécies minke e jubarte como parte de um novo estudo da ONG World Wildlife Fund (WWF) em parceria com a Universidade Estadual do Oregon, nos Estados Unidos.
Por meio de ventosas, os equipamentos ficaram grudados de 24 a 48 horas e registraram como elas se alimentam, socializam e se comportam em meio às mudanças climáticas.
Segundo o Centro Nacional de Dados de Gelo e Neve, instituto de pesquisa ligado à Universidade do Colorado, em março deste ano, foi registrada a menor extensão de área congelada da Antártida ao longo dos 38 anos em que esses dados são coletados.
A pesquisa com as baleias ajudará a reunir dados sobre os animais e seu habitat e contribuirá para esforços de preservação, em meio aos impactos dessas alterações ambientais.
quarta-feira, 12 de abril de 2017
Nova espécie de camarão que mata com ‘ataque sônico’ é batizada em homenagem ao Pink Floyd
Uma nova espécie de camarão marinho foi batizada em homenagem à banda Pink Floyd graças a um pacto entre cientistas que o descobriram, que são fãs de rock.
O Synalpheus pinkfloydi usa sua grande garra para gerar um barulho tão alto que é capaz de matar peixes pequenos.
Os membros da equipe por trás da descoberta estavam em busca de uma oportunidade para celebrar os roqueiros ingleses se identificassem uma nova espécie de camarão rosa - "pink" é a palavra em inglês usada para designar essa cor.
A espécie, com uma garra rosa, foi descrita no periódico Zootaxa por cientistas da Universidade Oxford, no Reino Unido, da Universidade Federal de Goiás, no Brasil, e da Universidade Seattle, nos Estados Unidos.
Sammy De Grave, chefe de pesquisa do Museu de História Natural de Oxford, disse gostar de Pink Floyd desde a adolescência. "Ouço desde que (o álbum) The Wall foi lançado em 1979, quando eu tinha 14 anos", afirmou.
"Fazer a descrição dessa nova espécie de camarão-pistola foi a chance perfeita para finalmente homenagear minha banda favorita."
De Grave já batizou outros crustáceos com referências a lendas do rock. O nome de uma outra espécie de camarão, a Elephantis jaggerai, foi inspirada no vocalista da banda Rolling Stones, Mick Jagger.
O camarão-pistola, ou camarão-de-estalo, é capaz de gerar energia sônica ao fechar sua garra rapidamente.
A nova espécie desse tipo de camarão é encontrada na costa do Pacífico do Panamá.
Ele produz um som de 210 decibéis, um dos mais altos de todo o oceano. Isso supera o barulho de um tiro, que varia entre 140 e 190 decibéis de acordo com a arma usada.
segunda-feira, 10 de abril de 2017
Dois terços de Grande Barreira de Corais sofrem danos 'sem precedentes'
Danos ambientais sem precedentes já afetam dois terços da Grande Barreira de Corais, da Austrália, um dos ecossistemas mais ricos do planeta.
Essa é a conclusão de um novo levantamento aéreo, que mostrou que o branqueamento dos corais chegou à porção central da barreira. Ano passado, análises mostraram que a parte norte também sofria com o problema. Somados, os eventos afetaram um trecho de 1,5 mil km de recifes.
O branqueamento ocorre quando os corais sofrem mudanças ambientais e expulsam as algas que vivem em seus tecidos. Com isso, eles perdem sua principal fonte de nutrientes e ficam mais suscetíveis à morte. O processo pode ocorrer por mudanças na temperatura da água e, por isso, é intensificado pelo aquecimento global.
Trata-se de um processo reversível, mas quanto mais impactado é o ambiente, mais difícil se torna a recuperação dos corais. Por isso, o professor Terry Hughes, da Universidade James Cook, cobrou urgência de governos em lidar com as mudanças climáticas para reverter, enquanto possível, o branqueamento da Grande Barreira.
"Desde 1998, vimos quatro desses eventos (de branqueamento), e o espaço entre eles variava bastante. Mas esse é o espaço mais curto já registrado", Hughes disse à BBC.
"Quanto antes agirmos contra a emissão de gases do efeito estufa e contra os combustíveis fósseis em favor das energias renováveis, melhor", acrescentou.
Quase 800 recifes de corais numa área de 8 mil km foram analisados pelo Conselho de Pesquisa Australiana, do Centro de Excelência para Estudos de Recifes de Corais. Os resultados mostraram que apenas a parte sul está relativamente intocada.
O pesquisador James Kerry acrescenta que os últimos danos registrados são "sem precedentes".
"O dano na parte central este ano foi tão severo em termos de branqueamento quanto o visto na parte norte no ano passado", disse Kerry à BBC.
"Para os recifes que foram afetados dois anos seguidos, é um golpe duplo. Eles ainda não tiveram chances de se recuperar dos eventos do ano passado".
Os últimos registros de danos ocorreram independentemente do fenômeno El Niño, o aquecimento anormal das águas na superfície no Oceano Pacífico Tropical que influencia padrões de vento no mundo todo, que costuma intensificar o branqueamento de corais.
A Grande Barreira abrange milhares de recifes de corais na costa nordeste da Austrália. Ela recebeu o título de Patrimônio da Humanidade pela ONU em 1981, por sua tamanha biodiversidade, que conta com 400 tipos de corais, 1,5 mil espécies de peixes e 4 mil de moluscos.
Segundo a ONU, é o local com "maior biodiversidade" entre os Patrimônios da Humanidade e, por isso, de uma "importância científica enorme e intrínseca".
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