Pesquisadores constataram, pela primeira vez, gravidez em uma peixe-boi da Amazônia reintroduzida à natureza, de acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTIC). A gravidez foi confirmada com análise das amostras de sangue.
A fêmea "Baré" chegou ainda filhote ao Instituto, em Manaus, onde passou 16 anos e foi solta, em 2018, na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (DRS) Piagaçu-Purus, no município de Anori, a 173 Km da capital amazonense.
Segundo o Inpa, a detecção da gravidez aconteceu após captura de Baré, ocorrida em novembro, durante a vazante do rio Purus. A ação de monitoramento aconteceu 200 dias após a soltura de 12 animais reabilitados e levados de volta à natureza. A equipe fez a biometria e verificou que desde a soltura, a fêmea Baré cresceu 11 centímetros e ganhou aproximadamente 130 quilos.
“Esta gravidez mostra que o animal está bem, adaptado e integrado nessa população de peixes-bois. Isso para nós é uma grande satisfação, e é mais uma etapa na garantia da conservação dos peixes-bois da Amazônia”, disse líder do Laboratório de Mamíferos Aquáticos (LMA), a pesquisadora Vera da Silva, por meio da assessoria.
O filhote deve nascer até junho, período de enchente do rio Purus. Segundo pesquisadores do Inpa, a reprodução da espécie está associada ao ciclo hidrológico da Amazônia. O pico de nascimento ocorre depois que as águas sobem, quando há maior abundância de alimentos.
“Conseguimos verificar a eficácia das etapas de resgate, reabilitação e soltura. Claramente o animal está adaptado à natureza, e futuramente contribuirá para o aumento da população da espécie”, coordenador do Programa de Reintrodução de Peixes-bois da Amazônia, o biólogo Diogo Souza.
Há mais de 40 anos, o Inpa atua com pesquisas e ações de conservação para o peixe-boi. Em 2008, o Inpa implantou o Programa de Reintrodução de Peixe-bois da Amazônia.
De acordo com o Inpa, o peixe-boi da Amazônia vive em média 60 anos e só atinge a maturidade sexual e está pronto para se reproduzir com aproximadamente seis anos de idade. A gestação da fêmea de peixe-boi da Amazônia dura aproximadamente 12 meses. Nasce um filhote por vez, com raros casos de gêmeos. O cuidado da mãe perdura por aproximadamente dois anos, com o filhote sendo amamentado neste período.
A caça ilegal e captura acidental em redes de pesca são as principais ameaças ao peixe-boi da Amazônia, além de sofrer com a destruição e degradação ambiental. A caça do animal é proibida desde 1967, porém sua carne ainda é apreciada na região, o que exige um intenso trabalho de sensibilização ambiental e de fiscalização.
No mar profundo, nas profundezas dos oceanos, rios e lagos, peixes, crustáceos, corais, moluscos, mamíferos, peixes abissais, em um mundo ainda bastante desconhecido.
segunda-feira, 9 de março de 2020
Devolvida há menos de dois anos para rios da Amazônia, peixe-boi reabilitada está grávida; gestação dura 12 meses
Fotos: Diogo Souza e acervo Ampa/Inpa
Flagrados com espécie em extinção, pescadores são autuados em mais de R$ 10,4 mil em Rosana
Três homens, de 51, 24 e 22 anos, foram autuados pela Polícia Militar Ambiental em R$ 10.440 devido à prática de pesca de espécie em extinção, mediante a utilização de método não permitido, neste domingo (8), em Rosana (SP).
Conforme informações da polícia, os pescadores capturaram pescados nativos da espécie jaú, com método proibido, ou seja, utilizando arbaletes, no Rio Paranapanema.
Os policiais receberam denúncia de onde estavam os pescadores e seguiram ao local, onde encontraram três peixes da espécie informada no relato, com marcas de perfuração por arbaletes.
Um peixe pesava 21 quilos e media 1,19 metro, o outro, de 16 quilos, media 1,14 metro, enquanto o terceiro pesava 15 quilos e media 1,10 metro. Os peixes não estavam congelados e apresentavam características de que teriam acabado de serem esviscerados, segundo a polícia.
Ainda foram apreendidos dois arbaletes, duas máscaras de mergulho, dois pares de nadadeiras e uma roupa de mergulho.
Diante das evidências, a polícia elaborou três autos de infração ambiental "por pescar mediante a utilização de método não permitido", com multa no valor de R$ 3.480 cada, sendo majorada devido ao peixe da espécie jaú estar em extinção.
As autuações totalizaram R$ 10.440 e os pescados foram doados ao Lar do Ancião, em Teodoro Sampaio (SP).
Os demais materiais permaneceram apreendidos pela polícia.
segunda-feira, 17 de fevereiro de 2020
Mudanças climáticas reduzem população de pinguins de barbicha em até 77% na Antártica
Com base em números contabilizados desde a década de 1970, cientistas que estudam as mudanças do clima apontam uma redução de até 77% no número de pinguins de barbicha em algumas colônias da Antártica.
O pinguim de barbicha, assim chamado por causa da faixa negra estreita que tem debaixo da cabeça, habita as ilhas e costas do Pacífico Sul e os oceanos Antárticos. A espécie se alimenta de krill, animal invertebrado semelhante ao camarão.
"A diminuição que vimos é dramática", disse Steve Forrest, um biólogo conservacionista que se juntou a uma equipe de cientistas das universidades norte-americanas de Stony Brook e Northeastern em uma expedição recém-concluída.
Os cientistas, que viajaram em dois barcos do Greenpeace – o Esperanza e o Arctic Sunrise – realizaram a expedição entre 5 de janeiro e 8 de fevereiro e utilizaram técnicas de inspeção manual e drones para avaliar a magnitude do dano.
O número de pinguins na Ilha Elefante se reduziu em cerca de 60% desde a última pesquisa, em 1971, chegando a menos de 53 mil casais reprodutores na atualidade, segundo a expedição.
"Embora haja vários fatores que podem explicá-lo, todas as provas que temos apontam para a mudança climática como responsável pelo que estamos vendo", disse Heather Lynch, professora-associada de ecologia e evolução a Universidade Stony Brook.
Na semana passada, a Organização Meteorológica Mundial (OMM) informou que uma base de investigação na Antártica registrou a temperatura mais alta já alcançada no continente em um contexto de preocupação crescente com o aquecimento global, que acelerou o descongelamento das calotas de gelo ao redor do polo sul.
O Greenpeace está pedindo à Organização das Nações Unidas (ONU) que se comprometa a proteger 30% dos oceanos do mundo até 2030, um objetivo solicitado pelos cientistas e por um número crescente de governos como o mínimo necessário para deter o estrago causado pela atividade humana.
terça-feira, 14 de janeiro de 2020
Depois de tanto acasalar e salvar espécie, tartaruga gigante Diego se aposenta em Galápagos
A tartaruga gigante que é considerada a salvadora de sua espécie — graças a sua extraordinária libido — vai agora se aposentar, retornando à vida selvagem em sua ilha de origem.
Diego, como é chamado, estava entre os 14 machos selecionados para um programa de acasalamento de tartarugas na ilha de Santa Cruz, no arquipélago de Galápagos.
O programa foi considerado bem-sucedido, produzindo mais de 2 mil tartarugas gigantes desde seu início, ainda nos anos 1960, e o apetite sexual de Diego foi crucial para isso.
Agora com cem anos de idade, Diego ajudou a produzir centenas de filhotes — segundo algumas estimativas, esse número talvez chegue a 800.
Com o programa concluído, Diego vai retornar em março para sua ilha nativa, Española, segundo informou o serviço de Parques Nacionais de Galápagos (PNG).
Assim, ele vai se somar a uma população de 1,8 mil tartarugas, das quais ao menos 40% são suas descendentes diretas.
"Ele contribuiu com uma grande porcentagem da linhagem que estamos devolvendo a Española", afirmou Jorge Carrion, diretor do PNG, à agência France Presse.
"Estamos felizes com a possibilidade de devolver essa tartaruga a seu habitat natural."
Diego é um Chelonoidis hoodensis, espécie encontrada na natureza apenas nessa ilha ao sul do arquipélago de Galápagos, no Pacífico.
O arquipélago, a 900 km da costa do Equador, ficou famoso mundialmente por ter sido palco de estudos do naturalista inglês Charles Darwin, autor da Teoria da Evolução, graças a sua grande e peculiar biodiversidade.
Calcula-se que Diego tenha sido retirado de Galápagos cerca de 80 anos atrás, por uma expedição científica que o levou ao Zoológico de San Diego, nos EUA.
Cerca de 50 anos atrás, sobravam apenas 2 machos e 12 fêmeas de sua espécie em Española. Para ajudar no programa de repovoamento, Diego foi identificado como um dos últimos remanescentes entre os Chelonoidis hoodensis e levado de volta para a Estação de Pesquisas Charles Darwin, em Galápagos, em 1977.
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