terça-feira, 4 de setembro de 2018

Mais de 300 tartarugas morrem em redes de pesca ilegal no México


As imagens compartilhadas pela Defesa Civil de Oaxaca, no México, são devastadoras: incontáveis tartarugas mortas flutuando no mar. E, nesta quarta-feira, o governo do Estado de Oaxaca confirmou que pelo menos 303 tartarugas-oliva, que correm risco de extinção, morreram após ficarem presas em duas redes de pesca ilegal na costa mexicana do Pacífico. "A Procuradoria de Proteção Ambiental de Oaxaca confirmou que a morte das tartarugas foi causada por uma rede de pesca proibida, usada para pegar o peixe garapau", disse em um comunicado. As tartarugas-oliva - menor espécie de tartarugas marinhas - foram encontradas perto da costa da cidade de Puerto Escondido, cerca de 760 km a sudoeste da Cidade do México. "Inicialmente, recebemos um relatório de que havia duas redes onde estavam 300 tartarugas, mas esse número pode mudar", disse à agência de notícias EFE, o diretor do gabinete de Defesa Civil na cidade de San Pedro Mixtepec, José Antonio Ramirez. "Encontramos esta rede conhecida como tresmalho e nos disseram que os pescadores não são deste lugar. Elas não são usadas nestas praias e talvez possam ter sido abandonadas por um navio que não percebeu sua perda e matou as tartarugas", acrescentou. Após o primeiro relato de que cerca de 300 tartarugas haviam se enroscado nas redes, os pescadores locais tentaram libertar os animais, mas sem sucesso. Quando membros da equipe de Defesa Civil chegaram ao local, descobriram que todas as tartarugas haviam morrido. Uma única sobrevivente, que havia sido resgatada pelos pescadores, morreu ao chegar à praia. Ali mesmo, os pescadores cavaram um buraco e enterraram os animais. Tanto as autoridades pesqueiras da área quanto o Estado disseram que não se tratou de um ato intencional, mas que as tartarugas se encontraram com a rede e não conseguiram escapar.

sexta-feira, 24 de agosto de 2018

Aquário de Paris acolhe peixes abandonados






Os moradores de Paris que não podem mais cuidar de seus peixes podem levá-los ao aquário da cidade. Muitos visitantes não sabem, mas, entre os 7,5 mil peixes que vivem lá, cerca de 600 foram deixados por antigos proprietários. “Meu peixe não para de crescer, ele tenta atacar meus outros peixes, por isso, decidi deixá-lo aqui. Sei que vai ficar melhor aqui com outros peixes do que em um lago com predadores”, afirma a menina Cléophee à AFP. Todos os peixes passam um período em quarentena para se tratar de possíveis doenças, ou mesmo de estresse, antes de seguir para um aquário maior. Neste período eles redescobrem a vida em comunidade. Alexis Powilewicz, responsável pelo Aquário de Paris, afirma que os animais não são objetos de decoração e precisam de condições especiais para viver bem em uma casa. Biólogos que trabalham no aquário falam com os visitantes sobre os cuidados que devem ter com os peixes. Em aquários sem sistema de filtragem adaptado, os peixes sofrem com as trocas de água frequentes, com a mudança de temperatura da água e com a falta de oxigênio. Os Carassius auratus, também conhecidos como peixinhos dourados, preferem viver em grupo e precisam de espaço para crescer. Em um aquário pequeno, sua expectativa de vida é de quatro anos. Porém, se criados em boas condições, eles podem chegar a 30 centímetros e viver 20 anos.

quinta-feira, 23 de agosto de 2018

Mais de 50 pinguins são achados mortos em praia de SP: 'Pena'



Pelo menos 57 pinguins foram encontrados mortos em uma praia ao Sul de Ilha Comprida, no litoral de São Paulo. O registro, feito por um morador da cidade, acontece duas semanas após mais de 200 animais da mesma espécie serem achados sem vida nas praias do município e, também, em Iguape e na Ilha do Cardoso, na mesma região. Imagens obtidas pelo G1 mostram os animais aglomerados em uma área de restinga, conhecida como Barra do Capivaru. Segundo um morador da região, que não quis se identificar, o fato chamou a atenção, inicialmente, pela quantidade de urubus que sobrevoavam um barranco. "O forte cheiro também despertou curiosidade. Fui até lá e vi a cena. Deu pena", diz. Segundo ele, todos os animais reunidos já estavam em estado de decomposição. Eles foram encontrados na terça-feira (21), mas o registro foi divulgado apenas na manhã desta quinta-feira (23). De acordo com Daniela Ferro de Godoy, coordenadora do Instituto de Pesquisas Cananéia (IPeC), tratam-se de pinguins-de-magalhães (Spheniscus magellanicus), mesma espécie dos mais de 200 encontrados, em 8 de agosto, nas praias do Litoral Sul. "Todos já foram registrados, porém, quando estão em um estado avançado de decomposição, como é o caso, a necropsia se torna inviável. Por isso, a pedido das Unidades de Conservação, deixamos esses animais na praia para não prejudicar o ecossistema marinho", explica. As equipes de monitoramento do IPeC retiram não só pinguins, mas outros animais marinhos encontrados mortos nesse estado da linha da maré, removendo-os até a restinga. "Isso serve para que eles não sejam movidos pela água, e contabilizados erroneamente no monitoramento do dia seguinte", explica. Os pinguins-de-magalhães são habitantes das zonas costeiras da Argentina, Chile e Ilhas Malvinas, migrando por vezes até o Brasil, no Oceano Atlântico, nas épocas mais frias. É neste período que eles encontram, na costa brasileira, águas mais quentes e comida mais fácil. "Todos os animais marinhos encontrados encalhados vivos são levados para o Centro de Reabilitação e Despetrolização de Animais Marinhos do IPeC. Lá, eles passam por tratamento e, no caso dos animais mortos, passam por necropsia para tentar descobrir as causas da morte", explica. Banhistas e moradores que avistarem animais marinhos vivos ou mortos encalhados em praias daquela região podem entrar em contato com o IPeC, que faz a coleta das espécies, no telefone 0800-6423341. O número funciona todos os dias, incluindo feriados.

quarta-feira, 15 de agosto de 2018

Orca deixa corpo de filhote morto após 17 dias carregando animal



Tahlequah, a mãe orca que chamou atenção por carregar seu filhote morto durante 17 dias no mar, não está mais carregando o corpo. Segundo o jornal "The Seattle Times", a orca foi vista por pesquisadores no sábado (11) nadando sem o corpo e junto de outras orcas. Tahlequah faz parte de um grupo de orcas monitorado por pesquisadores. Ela é conhecida como J35. “J35 passou pela minha janela hoje com outras baleias J, e ela parece vigorosa e saudável”, escreveu Ken Balcomb, diretor fundador do Center for Whale Research, em um e-mail ao "The Seattle Times". Balcomb disse que J35 provavelmente perdeu dois outros filhotes desde que deu à luz um filhote em 2010. A perda do filhote mais recente "pode ​​ter sido emocionalmente difícil para ela", disse Balcomb. “Ela está viva e bem e superou essa parte de sua dor. Hoje foi o primeiro dia que eu com certeza a vi. Não está mais lá." J35 não mostrou sinais de “cabeça de amendoim”, uma condição que revela a desnutrição em uma orca, quando ossos do crânio começam a aparecer. "Ela está comendo", disse Balcomb. A falta de comida também está ligada ao fracasso destas orcas em não conseguirem se reproduzier normalmente há três anos. "A razão pela qual J35 perdeu o bebê e os outros estão perdendo seus bebês é que não há salmão suficiente", disse Balcomb sobre a principal fonte de alimento das orcas. "Espero que façamos algo sobre isso." Estas orcas residentes do sul do Canadá e dos Estados Unidos correm risco de extinção. Elas dependem para alimentação do salmão-rei, que esteve em grave declínio nos últimos anos. A comunidade, que tem cerca de 75 indivíduos, é frequentemente encontrada perto da ilha de Vancouver, no Canadá, e nas águas marítimas do Estado de Washington, nos EUA.

sábado, 11 de agosto de 2018

Família de orcas é avistada no canal de São Sebastião, SP




Uma família de orcas foi avistada na tarde desta sexta-feira (11) no canal de São Sebastião, no litoral norte de São Paulo. Segundo o Instituto Argonauta, o macho do grupo é visto na região desde 1993. Os cerca de oito animais, entre adultos e filhotes, foram monitorados e registrados por técnicos do instituto. Nenhum deles apresentava ferimentos. Os animais seguiram no sentido Caraguatatuba e foram flagrados por um técnico do instituto. "O macho tem uma nadadeira torta e ele tem o apelido de Almirante. Todos os anos ele vem para a nossa região. Desde 1993 fazemos o monitoramento dele", afirmou o oceanólogo Hugo Gallo. Segundo o pesquisador, não é incomum ver orcas no litoral norte de São Paulo. O primeiro registro foi feito em 1990. "Uma pesquisa recente de um pesquisador americano mostra de que as orcas vêm para o nosso litoral, onde tem água mais quente, para conseguir limpar a pele, já que no polo sul adquirem muitos parasitas e elas não conseguem limpar. A gente brinca que elas vêm para o spa", brinca.

terça-feira, 7 de agosto de 2018

A estudante americana que escolheu crocodilo como parceiro de foto de formatura




Makenzie Noland, de 21 anos, é aluna da Texas A&M University e se formou na última sexta-feira em ciências da vida selvagem e da pesca. Ela estava estagiando em um centro de salvamento de animais, em Beaumont, que abriga cerca de 450 jacarés, crocodilos e outros répteis. Mas quem roubou a cena foi Big Tex - um jacaré gigante que foi adotado em 2016, depois que a superalimentação o transformou em um transtorno para os barcos locais. Noland e Tex desenvolveram um relacionamento especial desde que ela começou a trabalhar no centro, em maio deste ano. estudante diz que ele responde pelo nome e reage aos sinais da mão dela, quando entra na lagoa para alimentá-lo. "Eu entro na água com esse animal todo dia - é um dos meus melhores amigos lá!", conta a estudante à BBC, ignorando a pergunta sobre se teria medo. Ela diz que estava mais preocupada que o animal comesse acidentalmente seu anel de formatura - em uma das fotos, o jacaré aparece com o anel em cima das narinas. A jovem cresceu em Bellevue, no Nebraska, onde encontrar um jacaré no jardim não é algo comum, mas sempre mostrou afinidade com os animais. "Desde mais nova, eu estava sempre pegando cobras, segurando animais, conversando com as crianças e educando o público", afirma Noland, declarando seu amor pela vida selvagem. Inicialmente, ela pretendia que a formatura servisse de vitrine para o trabalho que ela vem fazendo neste verão. "Na verdade, não queremos ter que resgatar esses animais, queremos que eles vivam nos rios e canais nas áreas pantanosas", diz ela sobre o centro Gator Country, onde trabalha. "Mas já que ele está com a gente, é um exemplo maravilhoso de como é treinar um animal e descobrir sua personalidade. Eles são criaturas maravilhosas - não são todos devoradores de pessoas!" Noland diz que ficou impressionada com a repercussão de seus posts, que já foram compartilhados e curtidos centenas de vezes. "Eu não estava esperando isso, só queria postar umas fotos engraçadas no Instagram. Tem sido incrível." Ela espera continuar trabalhando com vida selvagem depois de se formar. "Eu só quero estar inserida no mundo animal e educar o público a respeito", diz ela.

Após serem quase extintas, ariranhas retornam a rios na Amazônia


Após serem quase extintas pela caça comercial, as ariranhas estão retornando a rios da Amazônia. Os últimos indícios da recuperação da espécie foram divulgados nesta semana pela revista científica Biological Conservation. Liderada pela bióloga Natália Pimenta, a pesquisa analisou sinais da presença de ariranhas na bacia do rio Içana, no noroeste do Amazonas, onde ela havia sido considerada extinta. O estudo foi feito após outras pesquisas apontarem uma tendência de recuperação da espécie - com nome científico Pteronura brasiliensis - em diferentes partes da Amazônia, como a bacia do Solimões e a região da hidrelétrica de Balbina. Maior carnívoro semiaquático da América do Sul, com até 1,80 m quando adulta, a ariranha é um dos dois tipos de lontra encontrados no Brasil e está na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação, entre as espécies consideradas ameaçadas de extinção. O estudo no Içana teve início após membros do povo baniwa alertarem sobre o retorno das ariranhas a seu território, dentro da Terra Indígena Alto Rio Negro. Presidente da Associação Indígena da Bacia do Içana, André Baniwa diz que moradores notaram os primeiros sinais da volta dos animais uns dez anos atrás, ao encontrar carcaças de peixes com mordidas de um bicho que não reconheciam. Os mais velhos deram o veredicto: a ñeewi (ariranha, em língua baniwa) estava de volta. Nos últimos anos, os sinais aumentaram - e vários moradores chegaram a topar com os mamíferos. Membros da comunidade participaram do estudo sobre o retorno dos animais, que contou com o apoio das fundações Capes, CNPq, The Rufford Foundation e Idea Wild. Baniwa conta que ariranhas não eram vistas na região desde os anos 1940. Na época, eram as espécies mais cobiçadas no movimentado mercado de peles amazônicas. Ao pesquisar o tema, a bióloga Natália Pimenta encontrou estudos que estimaram em 23 milhões os animais caçados na Amazônia Ocidental para a extração de peles entre 1904 e 1969. O couro de ariranha - animal amazônico que mais sofreu com a caça comercial, segundo a pesquisadora - costumava ser exportado para os Estados Unidos ou a Europa, onde viraria casacos, chapéus e echarpes. Em um catálogo de 1946 de uma loja de peles em Manaus, o couro de ariranha é vendido por 180 cruzeiros - acima do preço de peles de onça (150), maracajá (150) e caititu (47). Baniwa diz que os próprios membros da comunidade caçavam os animais para trocar as peles por armas e outros bens. Um bom couro de ariranha valia o equivalente a duas espingardas. A modernização das técnicas de caça acelerou o extermínio da espécie. A partir dos anos 1960, leis passaram a regulamentar o comércio de peles silvestres no país. Em 1975, o Brasil aderiu a uma convenção internacional que proibia o comércio de espécies ameaçadas - entre elas, as ariranhas. A demarcação de grandes terras indígenas na Amazônia a partir dos anos 1990 também golpeou a atividade. A demanda pelas peles diminuiu, permitindo que as ariranhas começassem a se recuperar.

O enigma dos tubarões que apareceram sem seus fígados, extraídos com 'precisão quase cirúrgica'



Quando as carcaças de cinco tubarões brancos (Carcharodon carcharias) apareceram em uma praia na África do Sul, os corpos dos animais pareciam praticamente intactos. Mas havia algo estranho: eles estavam sem o fígado. As marcas de dente no corpo das vítimas denunciaram quem estava por trás do massacre: as orcas (Orcinus orca), uma das poucas espécies que caçam tubarões. As carcaças foram encontradas no ano passado, em Gansbaai, no sul do país. E, desde então, os cientistas têm tentado decifrar o mistério da ausência de fígado nos animais, e como os órgãos foram extraídos com precisão tão assustadora. A BBC conversou com a bióloga marinha Alison Towner, da fundação sul-africana Dyer Island Conservation Trust, uma das pesquisadoras que analisou os restos mortais dos tubarões brancos. Afinal, o que levou as orcas a removerem apenas o fígado de suas presas? "Estamos falando de animais enormes", afirmou Towner à BBC. "O primeiro tubarão branco em que fizemos necropsia tinha cinco metros de comprimento e pesava 1,1 tonelada." "Ao ver os tubarões, não suspeitamos, a princípio, que faltava um órgão. Mas quando viramos os animais, observamos que havia uma grande ferida sob as nadadeiras peitorais. E à medida que continuamos nossa análise, vimos que não tinham fígado", contou a especialista. Quando as carcaças foram encontradas, a fundação Dyer Island publicou em suas redes sociais que a remoção do fígado tinha sido feita com "precisão quase cirúrgica". "O fígado de um tubarão branco pode pesar cerca de 90 quilos, é um órgão enorme, mas as orcas o extraíram com grande precisão", completa. "Como conseguem tirar o fígado? Essa é a pergunta de um milhão de dólares, porque, até hoje, não vimos nem filmamos orcas fazendo isso", afirmou Towner. A bióloga acredita que as orcas trabalham estrategicamente em equipe, imobilizando primeiramente a vítima por meio de uma emboscada. "Imaginamos que uma orca abocanhe em seguida uma das barbatanas peitorais, e uma segunda orca faz o mesmo com a outra. As barbatanas são como asas de um avião para os tubarões". "Na sequência, as orcas nadam em direções opostas até que rasgam o tubarão, abrindo uma cavidade", explica a bióloga. "Também sabemos que as orcas têm grande destreza com os lábios, diferentemente de outras espécies. Isso pode ser claramente observado em parques de shows de animais aquáticos, como o Seaworld, onde as orcas recolhem objetos com a boca." Um elemento chave no ataque orquestrado é o trabalho em equipe que caracteriza as orcas. "Uma orca pode medir até nove metros e pesar cerca de nove toneladas. Um tubarão branco, em comparação, pode medir até 6,4 metros e pesar até duas toneladas", pontuou Towner. A grande vantagem das orcas na hora do ataque não é, no entanto, o tamanho, mas a estratégia de ação coordenada. "Os tubarões brancos, diferentemente das orcas, são geralmente animais solitários. Só se juntam de vez em quando em volta de suas presas ao longo das faixas costeiras. É por isso que não têm o valor agregado das orcas de trabalhar em grupo". E esse espírito de equipe é tão forte, que é provável, segundo Towner, que também compartilhem o fígado extraído de suas presas. Ainda não está claro por que as orcas descartam as carcaças dos tubarões, apesar de precisarem consumir o equivalente a quase 3% de seu peso todos os dias para sobreviver. Mas faz sentido que consumam o fígado dos animais. Este órgão contém uma grande quantidade de esqualeno, composto natural que fornece energia e nutrientes em abundância. Além disso, os fígados dos tubarões são ricos em lipídios e são um verdadeiro depósito de energia, que contém vitamina C, B12, A, ferro, niacina, sódio e carboidratos, entre outros nutrientes. Ainda não se sabe muito a respeito da preferência das orcas pelo fígado de suas presas, mas os tubarões brancos também têm sua estratégia. Enquanto as orcas estavam na costa da África do Sul, diminuiu o número de tubarões brancos na região. Mas assim que elas se mudaram para outro local em busca de presas, os tubarões brancos começaram a voltar.

quinta-feira, 2 de agosto de 2018

Colômbia descobre rã que coaxa com som semelhante ao balido de uma cabra


Ela soa como um mamífero, mas é anfíbio. Cientistas descobriram nas selvas tropicais da Colômbia uma espécie de rã endêmica com ossos verdes, que tem um coaxar que lembra o balido (berro) de uma cabra. O Instituto Humboldt, vinculado ao Ministério do Meio Ambiente colombiano, divulgou nesta quarta-feira (25) a mais recente descoberta no segundo país com maior biodiversidade do mundo, atrás do Brasil: a Scinax caprarius. Este anfíbio deve seu nome "ao canto que emitem os machos desta espécie", que é "similar ao som das cabras", apontou o organismo em um comunicado. Esta pequena rã tem ossos verdes, tons café-avermelhado e dourado na parte superior do corpo, e costuma medir entre 28 e 31 milímetros. A nova espécie foi localizada no fértil vale médio do Magdalena, o principal rio da Colômbia, em florestas subandinas, selvas úmidas tropicais e floresta seca tropical. Esta rã, de hábitos noturnos, é vista com frequência na época de chuvas. Para a alegria dos cientistas, a Scinax caprarius é um anfíbio que abunda em habitats conservados, o que a exclui da lista de espécies ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), segundo o Instituto Humboldt. Das 817 espécies de anfíbios documentadas na Colômbia, 56 estão criticamente ameaçadas, 89 em perigo e 85 em estado vulnerável, de acordo com as listas vermelhas da UICN.

quarta-feira, 1 de agosto de 2018

A orca que carregou seu filhote morto durante dias



Ela não queria deixar seu filhote morto. Uma orca cujo filhote morreu na terça-feira passada, pouco depois de nascer, foi vista carregando seu corpo nas águas da costa oeste dos Estados Unidos e do Canadá. A mãe foi vista pela última vez com o filhote morto às 19h do horário local na quinta-feira passada. O filhote havia morrido na terça próximo a Victoria, British Columbia, no Canadá. As orcas notoriamente transportam e carregam seus filhotes mortos por até uma semana. Apesar de serem popularmente chamadas de baleias, as orcas de fato pertencem à família dos golfinhos, sendo o maior exemplar da espécie. Golfinhos e baleias são animais mamíferos e as duas espécies possuem várias caraterísticas comuns o que facilita a confusão, mas biologicamente pertencem a duas famílias distintas. A carcaça do filhote estava afundando e sendo repetidamente resgatada pela fêmea, de acordo com o Center for Whale Research (centro de pesquisas de baleias), que trabalha pela preservação das orcas residentes do sul, comunidade de animais da porção nordeste do Oceano Pacífico. Um membro do time do centro de pesquisas viu o filhote nadando ao lado de sua mãe, batizada pela equipe de "J35", na terça. Mas o filhote morreu meia hora depois da equipe chegar, segundo o centro de pesquisas. A mãe foi vista carregando o recém-nascido com sua cabeça e o empurrando em direção à ilha San Juan, perto do Estado de Washington, nos EUA. Orcas podem viajar em média 120 km por dia. Um morador da ilha, citado no relatório do centro de pesquisas, disse ter visto um grupo de cinco ou seis orcas no pôr do sol com o filhote morto. As orcas residentes do sul do Canadá e dos Estados Unidos correm risco de extinção. Elas dependem para alimentação do salmão-rei, que esteve em grave declínio nos últimos anos. A comunidade, que tem cerca de 75 indivíduos, é frequentemente encontrada perto da ilha de Vancouver, no Canadá, e nas águas marítimas do Estado de Washington, nos EUA. Pesquisas indicam que só cerca de um terço das orcas nascidas nos últimos 20 anos sobrevivem. Segundo o centro, nenhuma gravidez nos últimos três anos produziu um filhote que tenha sobrevivido.

Berço das jubartes, Abrolhos atrai turistas para espetáculo único


Entre julho e novembro, cerca de 20 mil baleias-jubarte se deslocam para as águas temperadas e claras do litoral brasileiro, geralmente rumo ao arquipélago de Abrolhos, na Bahia, que é o maior berçário desses animais que encantam milhares de turistas todos os anos. A chegada das baleias-jubarte a Abrolhos é uma grande atração turística. Por lá, elas iniciam a temporada de reprodução afastadas do rigoroso inverno da Antártica e permanecem por quatro ou cinco meses, até que os filhotes estejam suficientemente desenvolvidos para migrar para o continente gelado. Com o crescimento da população - aproximadamente 10% ao ano -, o número de baleias que visita o Brasil aumentou nas últimas décadas, especialmente depois de 1996, quando a caça foi proibida. "Acredita-se que o fim da caça provocou a recuperação natural. As jubartes são cosmopolitas, se adaptam facilmente e o fim da caça gerou o salto", disse à Agência Efe o biólogo e coordenador do Projeto Baleia Jubarte, Sergio Cipolotti. As embarcações de turistas partem da cidade de Caravelas e, depois de quatro horas, os visitantes podem ver a exibição dos cetáceos, os seus jatos de água e o movimento da calda, um espetáculo da natureza. Protegidas pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e pela Marinha, as baleias se sentem à vontade para dançar nas águas cálidas da Bahia. O momento mais esperado é o salto, quando elas chegam a mostrar dois terços do corpo, em um balé que leva os turistas ao delírio. As baleias, que podem medir até 16 metros e pesar até 40 toneladas, estão presentes em todos os oceanos, mas chegam ao Brasil nesta época do ano para a reprodução. Apesar do aumento da quantidade delas no litoral brasileiro, o risco da ação humana continua rondando, seja pela poluição do mar ou pelo perigo das redes de pesca. O objetivo do Projeto Baleia Jubarte é exatamente potencializar a região socioeconomicamente através do turismo, o que permitirá uma consciência maior sobre o meio ambiente. "Com o crescimento da população, os cuidados são outros. É preciso manter o bem-estar do animal", afirmou Cipolotti. As baleias são a principal atração do Parque Nacional Marinho dos Abrolhos, mas o local também serve de ninho para muitas espécies de aves. O atobá-grande e o atobá-pardo frequentam a Ilha Siriba, enquanto as fragatas estão na Ilha Redonda esperando uma oportunidade de roubar peixes capturados por outras espécies. Além disso, em águas praticamente cristalinas, a vida marinha preservada se torna uma atração à parte para mergulhadores. Por lá, esses têm a oportunidade de contemplar diferentes tipos de corais e peixes em um ambiente privilegiado.

terça-feira, 10 de julho de 2018

Baleia de 7,5 metros morre após encalhar em praia da Grande Florianópolis



Uma baleia foi encontrada morta no mar na praia de Tijucas, na Grande Florianópolis, na tarde de segunda-feira (9). A causa da morte ainda é analisada por especialistas da Universidade do Vale do Itajaí (Univali). O animal da espécie Mink tinha 7,5 metros e era uma fêmea. Conforme o coordenador da Unidade de Estabilização de Animais Marinhos da Univali, Jeferson Dick, a morte foi confirmada por volta das 16h. No horário, veterinários começaram o processo para retirada do animal da água e início da necropsia na praia. A coleta de material se estendeu até as 22h, conforme o pesquisador. "Esse procedimento é uma corrida contra o tempo, porque os órgãos do animal se decompõem muito rápido e isso dificulta as análises", explica Dick. Segundo o especialista, são feitos laudos laboratoriais para identificar a causa da morte. No entanto, foi constatado que o animal não se alimentava há muito tempo e estava com alguma doença no intestino. "Ela provavelmente encalhou porque estava debilitada. É uma espécie que ocorre em nossa região, vive em mar aberto e dificilmente aparece próximo da costa", esclarece Dick. A espécie tem o nome científico de Balaenoptera acutorostrata. Os pesquisadores ainda verificam se o animal é de subespécie conhecida como Minke anã. A idade do animal não foi confirmada, mas foi considerado como juvenil. Além dos pesquisadores da Univali, ligados ao projeto da Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS), a Polícia Militar Ambiental, prefeitura, bombeiros e comunidade de Tijucas prestaram apoio no local.

segunda-feira, 2 de abril de 2018

Estudo explica por que as baleias são tão grandes


A necessidade de reter calor na água é o motivo pelo qual as baleias são tão grandes, mostra estudo publicado no "PNAS". Elas ainda poderiam ser maiores se não fosse a necessidade de conter o metabolismo para evitar uma perda de energia ainda maior. O tamanho de mamíferos aquáticos é um assunto debatido há muito tempo na ciência e muitas hipóteses foram formuladas -- uma delas é que a possibilidade de flutuar na água exerceria pouca pressão sobre o corpo dos animais; e, com isso, eles se tornariam maiores. O que a análise de 3859 espécies de mamíferos aquáticos e de 2998 fósseiis mostrou, no entanto, é que o crescimento de mamíferos aquáticos têm a ver com a preservação da energia e a manutenção do calor - e não com diferenças na pressão sobre o tamanho. A análise dos fósseis mostrou ainda que embora alguns mamíferos tenham forma corporal similar, eles não estão intimamente relacionados. Focas e leões-marinhos estão mais relacionados aos cães, enquanto os peixes-bois têm os elefantes como ancestrais. Já as baleias e os golfinhos, estão mais relacionados aos hipopótamos. O estudo dos fósseis e das espécies vivas mostrou também que quando esses animais terrestres foram para a água, eles chegaram rapidamente a aproximadamente 500 kg. Um outro ponto é que aqueles com ancestrais menores, como o cachorro, cresceram mais que aqueles com ancestrais maiores, como o hipopótamo. De acordo com os autores, esse achado sugere que ser grande é uma vantagem na água, mas só até determinado ponto. A partir da análise, pesquisadores chegaram a uma teoria termoreguladora que se soma ao conjunto de hipóteses que tenta explicar o tamanho das baleias.

Jabuti com casco quebrado é abandonado em lata de lixo de Limeira e resgatado



O pelotão ambiental da Guarda Municipal de Limeira (SP) resgatou um jabuti que estava ferido dentro de uma lata de lixo na manhã desta quinta-feira (29). Segundo os guardas, o animal está com o casco quebrado. Os funcionários de um posto de combustíveis na Avenida Campinas acionaram o pelotão e disseram que encontraram uma tartaruga dentro de um latão de lixo do estabelecimento. No local, os guardas viram que era um animal da espécie Jabuti-Piranga, que vive exclusivamente na terra. A suspeita é que o animal tenha sido atropelado e depois jogado no lixo. Ele foi levado para o Zoológico Municipal, onde passou por uma avaliação com os veterinários. Segundo a guarda, o casco vai ser revestido por um material semelhante à resina e o animal passará por tratamento. Ainda não é possível afirmar se ele sobreviverá, conforme a prefeitura. Após o tratamento e com a reabilitação, os veterinários vão avaliar se ele será solto na natureza.

Nova espécie de rã é descoberta em serra entre Colômbia e Venezuela



Cientistas da Venezuela e da Colômbia identificaram uma nova espécie de rã na Serra de Perijá, uma vasta cadeia montanhosa compartilhada pelos dois países e lar de espécies endêmicas como este pequeno anfíbio. Com uma pele multicolorida e canto único, a Hyloscirtus japreria, que habita rios e cursos d'água a mais de 1 mil metros de altitude, foi descoberta durante expedições realizadas há uma década. Seu nome presta homenagem aos járerias, um grupo étnico de Perijá, no estado de Zulia (noroeste da Venezuela). Com essa descoberta – publicada na revista científica "Zootaxa" - são 37 espécies as identificadas do gênero Hyloscirtus. Menores, os machos medem entre 2,8 e 3,2 centímetros e as fêmeas de 3,5 a 3,9 cm. O caminho para concluir a investigação começou em 2008. Depois de determinar que "era uma rã de torrentes, tivemos que verificar que não era o Hyloscirtus platydactylus, outra espécie registrada em Perijá em 1994", acrescentou. Conforme avançavam as expedições, foram incorporadas câmeras fotográficas e gravadores de som de alta definição para documentar a coloração e submeter os cantos a uma "análise bioacústica". Os sons que emite, que podem ser ouvidos a cerca de 15 metros de distância, são uma das suas características distintivas, indicou Edwin Infante, companheiro de Rojas nas excursões. O espécime foi reconhecido por seu canto particular: um "piu prolongado". A H. jareria também é caracterizada pelas suas costas amarelo-claras, com manchas castanhas escuras e pequenas manchas castanho-avermelhadas. Também possui listras esbranquiçadas em certas regiões dos olhos, orelhas, coxas e pernas. A íris é cinza com uma reticulação preta fina. Junto com Rojas-Runjaic, do Museu de História Natural La Salle, em Caracas, trabalharam o biólogo colombiano Fabio Meza-Joya e os venezuelanos Infante e Patricia Salerno. Meza-Joya havia encontrado a mesma rã no lado colombiano, mas só se deu conta disso quando conheceu Rojas em um curso no Equador. Em 2013, decidiram unir forças. Foi assim que descreveu a espécie "a partir de indivíduos coletados em três áreas da encosta oriental da Serra de Perijá (Venezuela) e em uma cidade na encosta ocidental (Colômbia)", disse à AFP o herpetologista colombiano. Para os intrincados habitats só era possível chegar a pé ou de mula depois de vários dias de travessia. O acesso à Serra de Perijá da Colômbia foi restringido por décadas pelo conflito armado, "o que produziu vácuos de informação", explicou Meza-Joya, que enfatizou que a assinatura da paz com as guerrilhas amplia o horizonte para novas descobertas. O processo de paz com as FARC – que começou em 2012 e levou ao desarmamento do grupo e à conversão em um partido político em 2017 – "abriu uma janela para entrar em áreas inacessíveis, com a paz aumentando o conhecimento sobre a biodiversidade", disse. Meza-Joya enfatiza que os anfíbios são fundamentais nos ecossistemas, pois atuam como reguladores de populações de insetos que, por sua vez, podem ser pragas ou vetores de doenças. Além disso, "algumas espécies têm uma acentuada vulnerabilidade às mudanças ambientais, razão pela qual são consideradas excelentes indicadores da saúde dos ecossistemas", acrescentou o especialista.

Jacaré de 3 metros é achado em piscina de casa na Flórida


Um jacaré de 3 metros de comprimento foi encontrado nesta sexta-feira (30) na piscina do quintal de uma casa de Sarasota, no estado americano da Flórida. A comissão de vida selvagem do estado alertou que, com a alta das temperaturas, os cerca de 1,3 milhão de jacarés da região estão ficando "mais ativos", podem aparecer em áreas urbanas e devem ser tratados com "cuidado e respeito". É raro jacarés provocarem ferimentos, mas a comissão pede que se evite nadar perto deles, preferindo áreas designadas.

sexta-feira, 23 de março de 2018

Baleias encalham em massa em praia na Austrália e intrigam autoridades


Cerca de 150 baleias ficaram encalhadas em uma praia no sudoeste da Austrália, segundo informações de jornais locais. Apenas 15 delas teriam sobrevivido. Autoridades afirmam que um grande esforço de resgate está em curso na região e que um alerta sobre a presença de tubarões na área foi emitido. As baleias foram encontradas por um pescador em Hamelin Bay, cerca de 300 quilômetros ao sul de Perth, na manhã desta sexta-feira. Aproximadamente metade delas já estava morta, de acordo com autoridades do Estado da Austrália Ocidental. Autoridades disseram que os animais são baleias-piloto-de-aleta-curta, uma espécie encontrada nas águas tropicais e temperadas de todos os oceanos. A Australian Broadcasting Corporation (ABC), a rede de televisão pública da Austrália, informou que dezenas de equipes de resgate estavam na praia. O alerta de tubarão foi emitido para que as pessoas fiquem longe da área. Essas baleias-piloto costumam medir até cinco metros e são encontradas em águas tropicais e subtropicais. Especialistas disseram que o encalhe pode ocorrer quando as baleias estão doentes, feridas ou cometem erros de navegação, particularmente em praias de declive suave. Mas o que houve neste caso específico ainda não foi explicado. Por vezes, animais encalhados podem emitir pedidos de socorro que atraem outras baleias para a mesma situação. Em 1996, cerca de 320 baleias-piloto-de-aleta-longa ficaram encalhadas, naquele que foi o maior caso do tipo já registrado na Austrália Ocidental.

Corais em praias de Búzios são monitorados em etapa final de projeto do Instituto Brasileiro de Biodiversidade




Os corais de Armação dos Búzios, na Região dos Lagos do Rio, estão sendo alvos de monitoramento de equipes do Instituto Brasileiro de Biodiversidade (BrBio). As ações ocorrem nesta quarta-feira (20) e na quinta (21) em cinco pontos da cidade: o lado esquerdo e o direito da praia da Tartaruga, Ilha do Caboclo, Praia dos Ossos e Praia Azeda. A atividade faz parte da etapa final de monitoramento do Projeto Ecorais, que tem como objetivo avaliar a saúde das populações de corais da região e analisar se o estado de saúde desses animais está associado às alterações nas condições ambientais. “Essa saída de campo possui diferentes objetivos. Um deles é finalizar o acompanhamento trimestral das populações de Mussismilia hispida, popularmente conhecido como coral cérebro, e do Siderastrea stellata, o coral estrelinha, que vem sendo feito desde dezembro de 2016 em cinco pontos de Búzios. O segundo objetivo é a avaliação de características ambientais, como temperatura, quantidade de sedimento na água e luz, para descobrir se eventuais alterações nos estados dos corais estão associadas a mudanças nas condições ambientais”, explica Dr. Lelis Antônio Carlos Júnior, pesquisador de pós-doutorado do Projeto Ecorais. A coordenadora do Projeto, Simone Siag Oigman Pszczol, disse que a equipe pretende filmar as atividades de pesquisa e integrar os diferentes atores envolvidos no projeto, como o Fundo Brasileiro para a Biodiversidade, Chevron e Secretaria Municipal de Educação, Esportes, Ciências e Tecnologia de Búzios. De acordo com os pesquisadores, pequenos pedaços de tecido dos corais serão coletados para a realização de análises moleculares, a fim de descobrir padrões e dinâmicas dos organismos que vivem em interação com os corais, chamados de zooxantelas. Ainda segundo os pesquisadores, esta pesquisa é feita em colaboração de pesquisadores do Laboratório de Biodiversidade de Cnidaria da UFRJ. O Projeto Ecorais surgiu em 2000 a partir de uma pesquisa científica sobre a saúde dos corais da Armação dos Búzios. O trabalho foi motivado pela preocupação dos pescadores e órgãos municipais com os danos causados pela atividade humana nos ambientes marinhos costeiros da região. A iniciativa tem o apoio do Projeto de Apoio à Pesquisa Marinha e Pesqueira do Estado do Rio de Janeiro, sob responsabilidade do Fundo Brasileiro para a Biodiversidade – Funbio. O projeto tem ainda parcerias com UERJ, UFRJ e UFF e a Secretaria Municipal do Meio Ambiente e Pesca da Armação dos Búzios.

terça-feira, 6 de março de 2018

Imagens do espaço revelam supercolônia desconhecida com 1,5 milhão de pinguins na Antártida



Cientistas descobriram um enorme grupo de pinguins-de-adélia (Pygoscelis adeliae) no ponto mais ao norte da península da Antártida. As mais de 1,5 milhão de aves foram notadas pela primeira vez quando grandes manchas causadas por seus excrementos apareceram em imagens feitas a partir do espaço. Os animais estão concentrados em um arquipélago rochoso, as Ilhas Danger. Os pesquisadores, que publicaram sua descoberta no periódico especializado Scientific Reports, dizem que isso os pegou totalmente de surpresa. "É um caso clássico em que se acha algo onde ninguém estava olhando. As Ilhas Danger são de difícil acesso, então as pessoas não tentavam muito chegar lá", disse Tom Hart, da Universidade de Oxford, do Reino Unido, à BBC News. Os cientistas usaram um algoritmo para buscar em imagens de satélite possíveis locais em que haveria atividade de pinguins. As imagens foram coletadas pelo programa Landsat, uma iniciativa da agência espacial americana, a Nasa, e da agência de pesquisa geológica dos Estados Unidos (USGS, na sigla em inglês), lançada no início dos 1970 e em curso até hoje. O Landsat não gera imagens de alta resolução. Por isso, quando o sistema criado pelos pesquisadores identificou possíveis colônias, foi necessário confirmar se elas de fato existiam com imagens mais detalhadas.

Como o aquecimento global está afastando filhotes de pinguim de seu alimento vital



Os pinguins-rei podem estar sob grave risco, caso nada seja feito para interromper o aquecimento global e seus efeitos. Segundo cientistas, alguns dos redutos dos pinguins-reis no oceano Antártico podem se tornar insustentáveis para a vida desses animais. O problema é o distanciamento contínuo entre as áreas de reprodução e as de alimentação. Ou seja, à medida que as temperaturas aumentam, a comida fica mais longe do local onde ficam as crias. "Nossa pesquisa mostra que quase 70% dos pinguins-rei - cerca de 1,1 milhão de casais - terão que se realocar ou desaparecerão antes do final do século, devido à emissão de gases de efeito estufa", disse Céline Le Bohec, do Centro Nacional Francês de Pesquisa Científica e da Universidade de Estrasburgo. Le Bohec e sua equipe estudaram quais podem ser os possíveis impactos do aquecimento global no acasalamento de pinguins-rei na Antártida nas próximas décadas. Além de modelagem climática, os pesquisadores fizeram análise genética para descobrir o histórico da espécie. As descobertas foram publicadas na revista científica Nature Climate Change. Os pinguins-rei são a segunda maior espécie de pinguins no mundo, em número de animais. Exigentes na escolha do local para criar os filhotes, preferem ilhas sem gelo marinho e que tenham areia fofa ou praia de seixo (uma espécie de cascalho). Mas também precisam de um bom suprimento de peixes e lulas. No oceano Antártico, isso pode ser encontrado ao longo de uma faixa conhecida como Frente Polar Antártica. São águas ricas em nutrientes, que abrigam grande quantidade de presas. A questão é que a Frente Polar Antártica está se movendo em direção ao polo. E, caso as temperaturas globais continuem a aumentar, como é esperado, a Frente pode se afastar do alcance de muitos pinguins, sugere a pesquisa. Setecentos quilômetros são o limite que as aves podem viajar sem expor suas crias ao risco de morrer de fome nos seus ninhos. "As ilhas Marion e Princípe Edward e a ilha Crozet enfrentarão as maiores dificuldades nos próximos 50 anos. Esses são os maiores redutos de população (de pinguim-rei)", afirma Le Bohec. "Se nós continuarmos a emitir gases de efeito estufa, as ilhas Kerguelen, Falkland e Terra do Fogo também vão enfrentar dificuldades". A análise genética relevou que o pinguim-rei já sofreu perdas populacionais no passado, sobretudo cerca de 20 mil anos atrás, quando temperaturas mais frias expandiram a faixa de gelo do mar. Sendo assim, há evidências de que os pássaros podem se recuperar. "O problema é a velocidade dessa mudança. É realmente muito rápido. E isso vai dificultar que os pinguins se adaptem", afirmou Le Bohec. Norman Ratcliffe, da Pesquisa Britânica sobre a Antártida, confirmou que a movimentação na Frente Polar Antártica é um fator muito importante para os pinguins-rei. Análises independentes de dados de reprodução nas ilhas Crozet e Kerguelen mostraram que as aves não conseguiram se alimentar nos anos em que a frente se moveu temporariamente para muito longe do sul. "A redução do acesso a locais com alimentos pode provocar a perda de colônias de pinguins-rei no futuro, mas não há evidência de que nós tenhamos atingido um ponto sem volta", afirma. "Por enquanto, as populações de pinguins-rei ainda estão aumentando, provavelmente devido à recuperação da pressão provocada pela caça no passado".

Milhares de estrelas-do-mar são encontradas mortas em praia do Reino Unido


Milhares de estrelas-do-mar mortas foram parar em uma praia na cidade de Ramsgate, no sudeste da Inglaterra no domingo (4), e as imagens foram registradas em um vídeo exibido em redes sociais. A filmagem mostrava alguns dos invertebrados marinhos quebrados após dias de temperaturas abaixo de zero que congelaram grande parte do Reino Unido entre os dias 27 de fevereiro e 3 de março. O morador de Ramsgate Chris Constantine, que filmou a cena, disse que “ver tantos milhares mortos em nossa praia foi perturbador”. Ele acrescentou que também havia lagostas, caranguejos, gaivotas e peixes mortos na praia. Constantine disse que, embora animais marinhos mortos já tenham aparecido na costa depois de outras tempestades e mudanças de temperatura, ele nunca tinha visto nada nessa escala. Na segunda-feira (5), a Sociedade de Conservação Marinha do Reino Unido informou que “a causa parece ser uma combinação de frio extremo (onde a água rasa congelou, ou chegou perto de congelar) e a profundidade em que as ondas de tempestade penetraram”. "O sul do Mar do Norte é particularmente superficial, então pode ter havido poucos locais ‘seguros’ (para a vida marinha) se refugiar", disse a organização em seu site.

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

Peixe se reproduz sem sexo e desafia teoria de extinção da espécie


A teoria da evolução sugere que as espécies que se reproduzem de forma assexuada tendem a desaparecer rapidamente, uma vez que seu genoma acumula mutações mortais ao longo do tempo. Mas um estudo sobre um peixe lançou dúvidas sobre a velocidade desse declínio. Apesar de milhares de anos de reprodução assexuada, o genoma da molinésia-amazona (amazon molly, em inglês), que vive no México e no sul dos Estados Unidos, é notavelmente estável e a espécie sobreviveu. Os detalhes do trabalho foram publicados na revista Nature Ecology and Evolution. Há dois caminhos fundamentais pelos quais espécies se reproduzem - a forma sexuada e a assexuada. A reprodução sexuada depende de células especiais reprodutivas masculinas e femininas, como os óvulos e os espermatozoides, juntando-se durante o processo de fertilização. Cada célula sexual contém metade do número de cromossomos das células parentais normais. Depois da fertilização, quando o óvulo e o espermatozóide se fundem, o número normal do cromossomo celular é reintegrado. A reprodução assexuada é diferente. Em vez de criar uma nova geração misturando medidas iguais de DNA das mães e dos pais, a reprodução assexuada dispensa o macho e, em vez disso, cria novos descendentes contendo uma cópia exata do genoma da mãe - uma clonagem materna natural. Essa é uma maneira incrivelmente eficiente de criar uma nova vida. Ao não desperdiçar material genético na criação de machos, todos os descendentes nascidos a partir da reprodução assexuada podem continuar se reproduzindo. Mas há um ponto negativo. Como os descendentes são fac-símiles genéticos da mãe, eles apresentam uma variabilidade limitada. E a variabilidade genética pode proporcionar uma grande vantagem. É justamente o que permite que as populações respondam e superem as mudanças no meio ambiente e outras pressões seletivas, ao permitir a sobrevivência dos mais adaptados. A reprodução sexuada proporciona um grande espaço para gerar essa variabilidade genética, quando os pedaços de cromossomos individuais se recombinam assim que os óvulos e os espermatozoides se fundem e formam combinações únicas de cromossomos. Outra vantagem da reprodução sexuada é que as mutações nocivas, que se acumulam naturalmente ao longo do tempo, são diluídas e seus efeitos anulados durante essa mistura genética. Já os organismos que dependem da reprodução assexuada são propensos a perder essas vantagens. O professor Manfred Schartl, da Universidade de Würzburg, é um dos principais autores do estudo e diz: "As previsões teóricas eram que uma espécie assexuada passaria por decomposição genômica e acumularia muitas mutações ruins e, sendo clonada, não seria possível depender da diversidade genética para reagir a novos parasitas ou outras mudanças no meio ambiente."

Foca resgatada com frisbee entalado no pescoço é devolvida ao mar na Inglaterra


Uma foca que apareceu numa praia britânica com um frisbee preso em seu pescoço foi devolvida ao mar após meses de reabilitação. A foca cinzenta, que ganhou o apelido de Mrs. Frisbee, foi achada em setembro na praia de Horsey, em Norfolk, Inglaterra, com um disco plástico no seu pescoço, causando ferimentos em sua pele. Uma entidade de apoio às focas resgatou o animal e a levou ao Centro de Vida Selvagem East Winch, da sociedade protetora dos animais. A foca estava em estado grave e sua sobrevivência era incerta, mas ela conseguiu melhorar e sobreviver, passando de 66 kg para 179 kg.

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

A criativa solução da Noruega para acabar com o lixo plástico nos oceanos


A Noruega tem o que especialistas consideram o melhor sistema de reciclagem de garrafas plásticas do mundo. Ali, quase 600 milhões de garrafas foram recicladas em 2016 - uma taxa de reciclagem de 97%. No Brasil, para efeitos de comparação, a proporção é de 50%. No país europeu, funciona assim: lojas instalam máquinas que recompensam clientes que devolvem garrafas plásticas. "Quando você compra uma garrafa de refrigerante... você paga uma coroa norueguesa a mais e, quando a colocamos na máquina, recuperamos o dinheiro", diz uma cliente. O esquema reduz a necessidade de se produzir mais plástico. "Uma garrafa pode ser reciclada mais de uma vez. Na verdade, 12 vezes. Separamos as transparentes das coloridas. As transparentes são usadas para criar novas garrafas", diz Kjell Clav Maldum, diretor da Infinitum, de reciclagem de embalagens plásticas. "As coloridas são usadas para produzir outros materiais plásticos", completa ele. Mas quem paga por isso? As fabricantes de bebidas. É voluntário, mas quem adere ao sistema paga menos imposto.

O 'lagostim de mármore', espécie mutante que clona a si próprio e se espalha pelo mundo


Depois de sequenciar o DNA da espécie Procambarus virginalis, popularmente conhecida como 'lagostim de mármore', uma equipe de pesquisadores de vários países concluiu que todos os indivíduos existentes hoje são descendentes de uma única fêmea criada em cativeiro. Esta fêmea passou por uma mutação e começou a se reproduzir de forma assexuada, clonando a si própria. Um estudo sobre o caso foi publicado nesta semana na revista científica Nature Ecology and Evolution. Os clones, todos do gênero feminino, estão há três décadas produzindo filhas de si próprias e se expandindo pelo mundo. Frank Lyko é biólogo molecular do Centro Alemão de Investigação em Câncer e um dos co-autores do estudo. Ele chamou o fenômeno, em um blog do site da revista Nature, de "invasão dos clones". E não é para menos. Hoje em dia, o 'lagostim de mármore' é considerado uma espécie super-invasora, presente em várias zonas da Europa, África e Ásia, ameaçando ecossistemas lá presentes. "A origem do fenômeno, por enquanto, é desconhecida", escreveu Lyko. O biólogo também foi o responsável por descrever a espécie em 2015. Foi ele que escolheu o nome Procambarus virginalis, que em latim significa "lagostim ou caranguejo virgem". A primeira vez que Lyko viu um exemplar da espécie foi em 2015, quando um criador lhe mostrou alguns animais que tinha comprado em uma feira de aquarismo na Alemanha. Os então chamados "lagostins do Texas", escreveu Lyko no blog, "se propagaram rapidamente no aquário. Eram grandes e esteticamente agradáveis, o que os tornou populares entre os aquaristas". Logo descobriu-se que um único indivíduo podia produzir centenas de ovos de uma vez. Poucos anos depois, o Procambarus virginalis já estava disponível em lojas de aquarismo em várias partes do mundo, e começaram a aparecer registros de populações selvagens, provavelmente graças à liberação por humanos. Por enquanto, o que se sabe é que o primeiro indivíduo foi uma fêmea de cativeiro. Mas não está claro se ela viveu na Alemanha. Pode, inclusive, ter vindo dos Estados Unidos. É que os 'lagostins de mármore' são descendentes de animais de rio (Procambarus fallax), uma espécie endêmica do Estado da Flórida, nos EUA. Mas essa espécie se reproduz de forma sexuada (com macho e fêmea). O que é certo é que, de alguma forma, uma fêmea de aquário sofreu uma mutação que a levou a ter três pares de cromossomos em vez de dois, como é o usual. Em vez de apresentar má formações que a impedissem de sobreviver, esta fêmea desenvolveu a capacidade de produzir ovos, que se converteram em embriões e depois em lagostins fêmeas com os mesmos três pares de embriões. Todas elas eram um clone da mãe, nascidas através de um processo conhecido como partenogênese.

A misteriosa água-viva de apenas dois centímetros que cientistas acreditam ser imortal


O ser humano sempre desejou a imortalidade, buscando a fonte da juventude, o elixir da vida eterna. Também povoou suas mitologias, religiões e histórias com seres, deuses e heróis que nunca morrem. Mas, na vida real, quem conseguiu esse feito foi uma pequena água-viva de não mais do que dois centímetros de diâmetro. Depois de milhões de anos de evolução, esse bicho conquistou um poder de regeneração fantástico e não morre de causas naturais - só quando atacado por predadores. Por isso, em tese, pode viver para sempre. Batizada de Turritopsis nutricula, é uma das cerca de 4 mil espécies de águas-vivas conhecidas no planeta. Foi descoberta em 1843 pelo zoólogo francês René-Primevère Lesson. Mas só mais recentemente sua capacidade de viver para sempre foi reconhecida. Há duas versões sobre o achado dessa característica inusitada. De acordo com uma delas, a imortalidade da Turritopsis nutricula foi encontrada por acaso, em 1988, pelo então estudante alemão de biologia marinha Christian Sommer. Ele passava férias de verão na Riviera Italiana, no Mar Mediterrâneo, e aproveitava para coletar espécies de hidrozoários para uma pesquisa. Nessa empreitada, acabou capturando a pequena e intrigante água-viva. Sommer levou o animal para o laboratório e o observou por vários dias. Ficou espantado com o que viu. O animal simplesmente não morria. Pelo contrário, parecia que estava seguindo caminho inverso do envelhecimento e da morte, tornando-se cada vez mais "jovem". A água-viva chegou até a regredir a sua primeira fase de desenvolvimento, reiniciando seu ciclo de vida novamente. E assim continuou sucessivamente, envelhecendo e rejuvenescendo, para voltar a envelhecer e rejuvenescer. A outra versão diz que a descoberta da imortalidade da Turritopsis nutricula foi feita pelo pesquisador japonês Shin Kubota, hoje um dos maiores especialistas do mundo nesse animal. Kubota descobriu o poder de rejuvenescimento ou regeneração dessa água-viva quando encontrou, no mar do sul do seu país, uma delas cheia de espinhos em seu corpo. Ao arrancá-los, percebeu que as feridas se curavam. e o bicho rejuvenescia. Entre 2009 e 2011, o pesquisador repetiu a experiência 12 vezes, ferindo as águas-vivas. Em todas elas, aconteceu a mesma coisa: elas se regeneravam e voltavam ao estágio inicial do seu ciclo de vida. De acordo com o professor de zoologia Antonio Carlos Marques, do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP), a Turritopsis nutricula é imortal "no sentido de que seus tecidos rejuvenescem e fases de vida regridem, no melhor estilo Benjamin Button". Marques se refere ao filme O curioso caso de Benjamin Button, de 2008, no qual o personagem principal, interpretado pelo ator Brad Pitt, nasce com aparência de idoso e vai ficando cada vez mais jovem à medida que o tempo passa. Essa capacidade de se regenerar continuamente não significa que a água-viva nunca morra. O animal pode ser comido por um predador, por exemplo. "É algo como os highlanders: são imortais até que sua cabeça seja cortada", compara Marques, agora em referência a outro filme, Highlander - O guerreiro imortal, de 1986. O pesquisador Sérgio Stampar, do Laboratório de Evolução e Diversidade Aquática do campus de Assis da Universidade Estadual Paulista (Unesp) explica que essa espécie de água-viva tem a capacidade de passar por um processo de reestruturação de tecidos (um tipo de regeneração) e voltar ao estágio inicial de vida, mesmo depois de atingir a maturidade sexual. "Fazendo uma analogia, seria como se nós adultos pudéssemos voltar ao estágio de bebê", explica. Em tese, esse processo de regeneração da água-viva poderia acontecer para sempre.

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

Os gigantes do mar ameaçados pelo aumento da poluição por plástico



Pesquisadores alertam de que os gigantes do mar podem estar correndo riscos reais. Por isso, estão fazendo um apelo por pesquisas sobre o impacto dos microplásticos na saúde de baleias, tubarões e arraias. Estima-se, por exemplo, que algumas baleias podem estar ingerindo centenas de fragmentos todos os dias. O Golfo do México, o Mar Mediterrâneo, a Baía de Bengala e o Triângulo de Corais são áreas consideradas prioritárias para serem monitoradas, de acordo com uma análise de pesquisas já publicadas. Cientistas americanos, australianos e italianos analisaram dados relacionados às ameaças para as espécies chamadas "filtradoras", ou seja, que se alimentam de partículas em suspensão e, por isso, estão mais expostas aos microplásticos. Com menos de 5 milímetros, essas partículas podem ser prejudiciais tanto para os oceanos quanto para a flora e fauna aquática. Contaminações por microplástico podem reduzir o tamanho da população dessas espécies filtradoras. E os pesquisadores avaliam que há poucos estudos sendo conduzidos na tentativa de mensurar esses riscos. Os possíveis riscos incluem a redução de absorção de nutrientes e danos ao sistema digestivo quando microplásticos são ingeridos. Além disso, diz a pesquisadora, a exposição a toxinas por meio da ingestão de plástico pode afetar processos biológicos, como, por exemplo, o crescimento e a reprodução, colocando as espécies que ingerem essas micropartículas ainda sob mais risco. O estudo que faz um levantamento das evidências já coletadas sobre o impacto do microplástico nos oceanos foi publicado na revista acadêmica Trends in Ecology and Evolution (Tendências em Ecologia e Evolução, em tradução livre). Nele, os pesquisadores argumentam que as maiores espécies filtradoras, muitas delas "economicamente importantes", deveriam ser priorizadas como objeto de estudo em pesquisas futuras sobre os riscos dos microplásticos. Filtradores engolem centenas de metros cúbicos de água diariamente para capturar a comida da água e, nesse processo, podem ingerir plásticos. Os microplásticos são similares, em tamanho e em massa, a muitos tipos de plânctons. Estudos já indicam a presença de produtos químicos associados a plásticos nos corpos de tubarões-baleia e em baleias-fin (ou baleias-comuns). "Nossos estudos em tubarões-baleia no Mar de Cortez (Pacífico) e com baleias-fin no Mediterrâneo confirma a exposição a produtos tóxicos, indicando que esses animais que se alimentam por filtragem estão retendo microplástico no processo de alimentação", afirma a copesquisadora Maria Fossi, da Universidade de Siena, na Itália. Segundo ela, a exposição a toxinas associadas a esses plásticos representam uma grande ameaça à saúde desses animais. Pode alterar os hormônios que, por sua vez, regulam o crescimento do corpo, desenvolvimento, metabolismo e funções reprodutivas. Pesquisadores estimam que tubarões-baleia no Mar de Cortez, no México, têm ingerido uma média de 200 pedaços de plástico por dia. As baleias-fin no Mediterrâneo, 2 mil partículas diárias. Os pesquisadores citam relatórios indicando que 800 quilos de plástico foram encontrados em uma carcaça de uma baleia encalhada na França. Outra, na Austrália, tinha seis metros quadrados de folhas plásticas e 30 sacolas inteiras. O estudo aponta várias regiões apontadas como chave para futuros estudos e monitoramento, onde há uma alta concentração de microplásticos. Espécies emblemáticas, segundo os pesquisadores, devem ser o principal objeto de estudos, especialmente em países que dependem do turismo na fauna marinha. Há espécies de tubarões filtradores, arraias e baleias sob risco de extinção ou na lista de animais vulneráveis. Muitas vivem muito, mas se reproduzem pouco.